Pouco mais de um mês após o assassinato de Anderson do Carmo, marido da deputada Flordelis, a Comunidade Evangélica Ministério Flordelis, construída pelo casal, tem mostrado sinais de crise.
Fiéis deixaram a congregação, um dos seis templos foi fechado por falta de dirigentes e, ainda que não confirmado, ao menos três dos 55 filhos do casal parecem ter rompido com a mãe.
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O afastamento mais recente foi o músico Daniel dos Santos Souza, de 21 anos, único filho biológico de Anderson e Flordelis. Durante ato organizado em homenagem ao pastor no último domingo (21), ele afirmou não conseguir nem falar sobre o assunto. “Dói muito, pois ela é minha mãe”.
“Acabaram de destruir esse sonho que ele tinha [construir o templo]. Estamos aqui lutando por ele, e por ele vamos lutar por justiça”, completou. O tributo foi realizado em São Gonçalo (RJ), diante de uma igreja ainda não finalizada, cujas obras, segundo os filhos afastados, foram interrompidas após o crime.
O primeiro a deixar o Ministério de Flordelis foi Alexander Felipe Matos Mendes, popularmente conhecido como Pastor Luan. Em anúncio nas redes sociais, ele comunicou a decisão ao mesmo tempo em que pediu por justiça e verdade.
“Infelizmente não consigo prosseguir no ministério mediante o ocorrido com o nosso Pr. Presidente”, declarou. Ele e seus irmãos afirmaram que só se manifestarão após o inquérito ser concluído para não atrapalhar as investigações.
Vagner de Andrade Pimenta, conhecido como vereador Misael e membro da administração da igreja, também saiu da congregação. Juntos, os desligamentos de Misael e Luan levaram ao fechamento de um templo localizado em Niterói.
Entre os frequentadores da congregação, o motivo das saídas está ligado à perda de credibilidade causada pela morte de Anderson. “Ele era um excelente pastor, falava muito bem, cuidava de tudo. Depois do que aconteceu, não vou mais”, explicou uma fiel não identificada ao UOL.
Por meio de nota, a assessoria de Flordelis afirmou que o racha que tem dividido a igreja é sinal de que “a missão da igreja está esquecida, porque uns querem ser seguidores do Pastor Anderson e outros da Pastora Flordelis, como se isso fosse possível”.
“O Ministério não é do Pastor Anderson e não é da Pastora Flordelis. É de Cristo com o objetivo de levar o Evangelho da redenção. Para a Pastora, ocasionalmente, deputada, o momento é de dor, mas de compreensão, porque assim lhe ensinou o Evangelho”, continua a nota.
Quanto aos afastamentos, a assessoria afirma que “em razão do impacto emocional da morte do Pastor Anderson do Carmo, os dirigentes do Ministério no local afastaram-se e não há, no momento, alguém para conduzir os cultos. O conselho, contudo, colocou à disposição dos fiéis de Pendotiba, condução para que eles compareçam aos cultos no Ministério de Piratininga”.
E acrescenta que o fechamento da igreja de Niterói é temporário e que as obras em São Gonçalo continuam. Não houve comentários quanto a dissidência dos três filhos.
A deputada não compareceu ao ato do domingo e justificou sua ausência por meio de um vídeo postado no Instagram. “Eu só não fui lá pessoalmente porque estão explorando demais a minha imagem e a minha dor. Mas eu creio que a justiça será feita e eu também clamo por justiça”, disse.
O caso
Anderson Carmo foi assassinado na madrugada de 16 de junho em Pendotiba, Niterói. Ele foi baleado diversas vezes por volta das 4h, pouco tempo depois de chegar em casa.
A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI). Uma perícia foi realizada no local e no carro de Anderson. Em relato, Flordelis conta que percebeu que o casal estava sendo seguido por homens em duas motocicletas.
Na segunda-feira após o crime, Lucas dos Santos, de 18 anos, um dos filhos adotados pelo casal confessou ter sido um dos executores do assassinato. Já um dos mandantes do crime foi Flávio Rodrigues de Souza, de 38 anos, filho biológico de Flordelis.