Mulheres Radicais
O ano é das mulheres na Pinacoteca, em São Paulo. O museu criou uma programação dedicada a elas que estreia com Hilma af Klint, sueca que viveu de 1862 a 1944. Suas obras só puderam ser conhecidas após sua morte porque a própria artista determinou isso em testamento. Pioneira da arte abstrata, achava que seu trabalho não seria compreendido naqueles tempos, segundo o diretor da Pinacoteca, Jochen Volz.
Ela até chegou a estudar arte figurativa, mas, bem jovem, começou a frequentar sessões mediúnicas com um grupo de amigas batizado de As Cinco. Foi aí que, em suas palavras, “passou a pintar sob influência de seres superiores”. As Cinco reuniram-se até o fim da vida. Hilma, cada vez mais fascinada pelo espiritismo, produziu mais de 200 obras (ao lado, obra da série The Ten Largest, de 1907).
Quando elas, enfim, poderiam ser mostradas, surgiram outras pedras no caminho. Museus e galerias negaram-se a exibir pinturas de uma desconhecida – e isso somente foi possível em meados da década de 1980. Além dessa mostra, a Pinacoteca traz Radical Women: Latin American Art, com obras de mulheres latinas de 1960 a 1985 – quase todas elas viveram em ditaduras. Não à toa, a videoarte nasceu nesse período, como forma de produzir dentro de casa, longe da repressão. Foi o que fizeram a brasileira Martha Araújo (1) e a peruana Victoria Santa Cruz (2).
A exposição “Hilma of Klint: Mundos Possíveis” estará aberta no dia 3 de março até o dia 16 de julho de 2018 na Pinacoteca de São Paulo.
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Negra, doméstica e autodidata
A mineira Maria Auxiliadora da Silva pintou o primeiro quadro aos 26 anos, mas só se dedicou integralmente às artes após os 32. Teve vida dura. Abandonou os estudos na infância para ajudar a família como doméstica. A obra dessa pintora autodidata pode ser conhecida em uma das nove exposições de artistas negros que acontecem no Museu de Arte de São Paulo (Masp) de março deste ano a março de 2019.
O pacote, que celebra 130 anos da Lei Áurea, inclui o artista do século 18 Antônio Francisco Lisboa, o famoso Aleijadinho. O calendário abre com Maria Auxiliadora, dia 9 do mês que vem, reunindo obras como Três Mulheres, de 1972 (foto). A pintora só produziu até os 39, quando morreu, vítima de câncer. A fama póstuma ultrapassou fronteiras e chegou a Itália, França e Alemanha.
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Azulejo & Grafite
O artista americano Jean-Michel Basquiat e seus celebrados grafites, que saíram das ruas de Nova York para as galerias, abriram o ano no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) paulistano. Outra exposição para ficar de olho estreou, também em janeiro, no CCBB brasiliense.
Autor de azulejos inconfundíveis, o carioca Athos Bulcão ganhou mostra comemorativa por seu centenário. Mas obras suas podem ser vistas em vários cantos de Brasília, já que era grande amigo do arquiteto Oscar Niemeyer – eles se conheceram quando Athos trabalhou como assistente do artista Cândido Portinari. As duas exposições passarão por todas as unidades do CCBB (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília).
- São Paulo – 25 de janeiro até 07 de abril de 2018
- Rio de Janeiro – 12 de outubro até 08 de janeiro de 2019
- Belo Horizonte – 16 de julho até 26 de setembro de 2018
- Brasília – 21 de abril até 01 de julho de 2018
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