Enfermeira que atua no combate à Covid é premiada no Festival de Veneza
"Tenho o prazer de representar a minha categoria aqui", agradeceu Alessia Bonari no palco da premiação
No dia 9 de março deste ano, a enfermeira Alessia Bonari, 23 anos, teve uma foto sua viralizada nas redes sociais por conta da exposição de machucados que sofreu no rosto por conta dos equipamentos de proteção. Alessia representou na imagem o trabalho de profissionais da saúde que se expõem por longas horas no atendimento de pacientes diagnosticados com coronavírus. Para agradecer e homenagear esses cidadãos, o Festival de Cinema de Veneza entregou à Alessia o prêmio de “Pessoa do Ano” nesta sexta-feira (4).
Com máscara, a enfermeira teve a experiência de atravessar o badalado red carpet. “Tenho o prazer de representar a minha categoria aqui, sempre e em todo o lugar. Sim, isso mesmo, tudo isso é um sonho. Mas amanhã vou voltar para Milão”, contou Alessia no palco da premiação. Foram apenas 48 horas oferecidas para Bonari se ausentar do trabalho e comparecer ao evento.
Em seu perfil no Instagram, a enfermeira agradeceu à homenagem. “Obrigado Veneza por todo o carinho recebido, mas acima de tudo obrigado à minha Itália #poderdasenfermeiras”, escreveu. Natural de Grosseto, a enfermeira vive com muita emoção os seus primeiros anos de formada.
A responsabilidade e humanidade do trabalho de Alessia foram vistas na publicação que a tornou conhecida.“Tenho medo também, mas não de ir às compras, tenho medo de ir trabalhar. Estou com medo porque a máscara pode não se ajustar bem ao meu rosto, ou posso ter me tocado acidentalmente com luvas sujas”, disse. Jovem, a profissional fez questão de direcionar seu recado principalmente às pessoas da sua idade. “Peço a quem está lendo este post não é anular o esforço que estamos fazendo, ser altruísta, ficar em casa e assim proteger os mais frágeis. Nós, jovens, não somos imunes ao coronavírus, nós também podemos ficar doentes”, continuou no post, que, abaixo, está traduzido na íntegra.
“Eu sou enfermeira e agora estou enfrentando esta emergência de saúde. Tenho medo também, mas não de ir às compras, tenho medo de ir trabalhar. Estou com medo porque a máscara pode não se ajustar bem ao meu rosto, ou posso ter me tocado acidentalmente com luvas sujas, ou talvez as lentes não cobrem meus olhos completamente e algo pode ter passado. Estou fisicamente cansada porque o equipamento de proteção dói, a bata me faz suar e uma vez vestida não posso mais ir ao banheiro ou beber por seis horas. Estou psicologicamente cansada e, como eu, todos os meus colegas estão na mesma condição que eu há semanas, mas isso não nos impedirá de fazer o nosso trabalho como sempre fizemos. Vou continuar a tratar e cuidar dos meus pacientes, porque tenho orgulho e amo o meu trabalho. O que peço a quem está lendo este post não é anular o esforço que estamos fazendo, ser altruísta, ficar em casa e assim proteger os mais frágeis. Nós, jovens, não somos imunes ao coronavírus, nós também podemos ficar doentes, ou pior ainda, podemos nos deixar doentes. Não posso me dar ao luxo de voltar para minha casa de quarentena, tenho que trabalhar e fazer minha parte. Você faz o seu, peço-lhe por favor.”
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