“Eu acredito em livros e, uma vez escritos, eles não precisam de autores”, disse Elena Ferrante a seu editor em uma carta em 1992, época do lançamento de seu primeiro romance, L’Amore Molesto (em tradução livre, “O amor perturbador”, que chega ao Brasil ainda neste semestre).
A escritora também avisava que não faria promoção da publicação, não daria entrevistas e, caso ganhasse algum prêmio, não iria buscá-lo. Ferrante, um pseudônimo, nunca revelou sua verdadeira identidade, seu rosto ou sua história – coisa rara em meio a tantos autores-celebridade. Especulou-se muito sobre quem seria ela.
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Desconfia-se de que os livros contêm pitadas autobiográficas: assim como a protagonista de A Amiga Genial, a primeira publicação da chamada Tetralogia Napolitana, a autora seria de Nápoles.
Por outras cartas ao editor, todas compiladas no livro La Frantumaglia (sem previsão de lançamento por aqui), é possível dizer que a escritora de best-sellers internacionais – já são 1,2 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos – é mãe e trabalha como professora e tradutora.
No Brasil, o fenômeno é recente: o primeiro livro saiu aqui em 2015 e dois serão publicados neste ano, incluindo o último volume da série, História da Menina Perdida.
Apesar de ter manifestado o desejo de se manter anônima, a autora teve sua vida revirada há alguns meses por um jornalista italiano que jura ter descoberto o segredo: os livros seriam escritos pela tradutora Anita Raja, 63 anos, que frequentemente trabalha para a mesma editora. Mas Raja não confirmou a informação.
Para além do enigma, é o talento de Ferrante que conquista o público. Os críticos destacam sua habilidade em descrever as sutilezas e complexidades das personagens femininas. São as mulheres o centro de sua obra, que aborda temas como maternidade, casamento, abuso e insegurança em relação ao próprio o corpo.