1 Para você, o que é os nossos tempos têm de melhor? E o que têm de pior?
A revolução tecnológica é o que tem de melhor e também de pior. Melhor porque agilizou contatos, deu nova dinâmica às relações, facilitou negócios, estimulou novas plataformas de criação, novas profissões, ganhamos tempo. O pior é que tudo ficou aflito demais, perdeu-se a excitação boa da espera, as redes sociais viraram palco para exibicionismos e agressividade, a solidão perdeu prestígio, há hoje uma falsa ideia de felicidade, e, da mesma forma que ganhamos tempo, o perdemos também. Pessoas dedicam-se mais aos seus smartphones do que a um livro, uma meditação, uma conversa.
2. Como você define felicidade?
Felicidade é a paz de espírito necessária para enfrentar as frustrações, os aborrecimentos e as angústias que nos assolam diariamente. Felicidade é desapego do próprio ego, é deslumbrar-se com os pequenos presentes do cotidiano (um cachorro-quente, uma tarde ensolarada, uma notícia boa). Felicidade é ter consciência de que é uma honra ter nascido e saber usar as ferramentas para tirar o melhor proveito dessa merreca de tempo que nos coube viver. As minhas: literatura, astrologia, budismo, psicanálise, filosofia, natureza, afetos.
3. O que você gostaria de ter aprendido dez anos atrás?
A ser menos rigorosa comigo mesma e a confiar mais nos acasos. E gostaria de ter começado a fazer pilates bem antes.
4. Qual foi o último livro que mexeu com você?
Todas as Mulheres, livro de poemas do Fabrício Carpinejar. De tirar o fôlego.
5. Qual livro você adoraria ter escrito?
Muitos! Todos que me comoveram e me fizeram lamentar o término da leitura. Mas se é para citar um só, fico com A Marca Humana, de Philip Roth. Um texto forte, que não deixa o leitor indiferente. A passagem de dois homens viris dançando de braços dados um com o outro é das coisas mais encantadoras e bem escritas que já li.