A organização feminista Católicas pelo Direito de Decidir lançou, nesta terça-feira (28), a campanha #LegalizarParaAvançar, que busca sensibilizar e promover diálogo sobre o aborto legal no Brasil.
A ação, que foi lançada propositalmente no Dia Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização e Legalização do Aborto, é uma forma de questionar a moralidade religiosa e conservadora que impede o avanço dos direitos das mulheres no país, como a descriminalização do aborto.
“Em um país que não oferece adequadamente educação sexual, acesso a métodos contraceptivos e que não se responsabiliza pela saúde reprodutiva de todas as meninas e mulheres, criminalizar o aborto é, no mínimo, um ato de crueldade”, afirma Denise Mascarenha, coordenadora geral de Católicas Pelo Direito de Decidir.
Denise ainda aponta que a campanha foi lançada em um momento oportuno, visto que, recentemente, foram criados o “Dia Nacional do Nascituro”, as “Semanas de Combate ao Aborto” e projetos de lei a fim de dificultar que mulheres e meninas tenham direito ao aborto legal, procedimento garantido por lei desde 1940 para casos de estupro, feto anencefálico ou gravidez que coloque em risco a vida da gestante.
Publicado nas redes sociais, o vídeo que faz parte da campanha mostra as proibições e medidas que até hoje foram pautadas no machismo e que, ao longo dos anos, excluíram as mulheres da vida pública e impediram sua autonomia, dentre eles a proibição do voto feminino e o uso da tese da “legítima defesa da honra”.
Na produção ainda é possível ouvir falas ofensivas que ferem a liberdade das mulheres e que são direcionadas ao público feminino com frequência.
A ação é mais um dos esforços da organização de católicas feministas, fundada em 1993, no Dia Internacional da Mulher, de superar uma cultura conservadora religiosa que fere diretamente a autonomia das mulheres.
“Para nós, as motivações religiosas só reforçam nossa luta pela descriminalização e legalização do aborto. Não há nenhuma contradição entre ser católica e defender a legalização do aborto”, conclui a coordenadora.