Carolina Larriera, economista e ativista pelos Direitos Humanos, fez um relato pessoal em seu Twitter, na última quarta-feira (29), criticando a conduta da Organização das Nações Unidas (ONU) após o ataque a sua sede em Bagdá, em 2003 — que tirou a vida de seu cônjuge, o diplomata Sérgio Vieira de Mello, cuja biografia foi retratada no filme “Sergio”, da Netflix, estrelado por Wagner Moura.
“Após o impacto positivo da estreia do filme #SergioNetflix queria compartilhar um pouco sobre quem realmente era #SergioVieiradeMello mas acima de tudo narrar o que realmente aconteceu depois do ataque de #Bagdad 2003. Estávamos juntos havia mais de 3 anos quando a bomba explodiu”, compartilhou Larriera, antes de iniciar o fio (sequência de tweets que narram uma história ou abordam um assunto).
No relato, a economista contou que, após o atentado que matou Sérgio, a ONU teria privado seus direitos como funcionária e como viúva, mesmo com a união civil reconhecida por lei. “O que eles estão protegendo?”, se indagou.
Ela ainda revela que seu nome saiu da lista de sobreviventes do atentado e que a organização não teria prestado o apoio necessário no período pós-traumático. “Além do estresse pós-traumático da explosão e da morte de Sergio e amigos, tive que lidar com o desumano abandono absoluto da mesma ONU que nos havia enviado”, escreveu Larriera.
Segundo ela, um dos motivos que explica o posicionamento da ONU em relação ao ocorrido foi a rivalidade entre George W. Bush, presidente dos Estados Unidos na época, e Jacques René Chirac, que era o primeiro-ministro da França na ocasião. Kofi Annan, o então secretário-geral da ONU, se aproximou dos franceses após o atentado, pois estava sendo ameaçado de sofrer uma demissão. “Uma tentativa de última hora para se reposicionar do #ladocertodahistória”, opinou no Twitter.
“Nunca pensei que a burocracia da #ONU, que sempre proclama aderir aos padrões mais altos que nosso mundo deve aspirar, defendendo os direitos dos mais vulneráveis, abandonaria seus próprios”, completou Larriera. “Poderia-se pensar que, como jovem viúva e vítima do terror, encontraria alguma simpatia. Pelo contrario, a ONU me negou ajuda quando eu mais precisava, encaminhando-me em um emaranhado burocrático onde eles são ambos juiz e parte interessada.”
Leia o relato na íntegra de Carolina Larriera abaixo (ao clicar no tweet, você consegue acessar a sequência completa dos tweets):
Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva: