Para suportar outras mulheres e lutar pela igualdade de gêneros, as Spice Girls criaram a campanha #IwannabeaSpiceGirl. O mais contraditório, no entanto, é que, segundo o The Guardian, as mulheres que fizeram as camisetas usadas pela banda trabalham em condições análogas ao trabalho escravo.
As peças de roupa foram criadas para arrecadar fundos para uma organização de caridade, a Comic Relief. De acordo com a reportagem publicada pelo jornal britânico, as condições da confecção em Bangladesh – onde a indústria da moda é muito forte – são péssimas.
Para a matéria, o jornal conversou com Salma*, uma das mulheres que trabalham na confecção. No dia de trabalho, ela contou, as funcionárias passam 16 horas curvadas sobre uma máquina de costura. Poucas ou quase nenhuma delas sabem quem são as garotas que usaram as camisetas fabricadas.
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Salma trabalha há mais de cinco anos na Interstoff Apparels e conta que o local “fica numa estrada estreita e sinuosa a três horas de carro de Daca”. Nela, as mulheres têm que trabalhar quase uma semana para ganhar um preço equivalente ao cobrado pelas peças (19,40 libras, ou R$ 90).
Na reportagem, o The Guardian descreve as condições: “Um pequeno fogão a gás no chão em um pequeno corredor é compartilhado por quatro famílias. Há um banheiro – um buraco no chão – e um tubo suspenso sem chuveiro para lavar”.
Selma conta, também, que a fábrica tem metas de produção. Quem não as cumpre acaba recebendo xingamentos, sendo cobrado de maneira agressiva. As horas extras, por exemplo, são obrigatórias, e, em alguns dias, o trabalho começa às 8h da manhã e vai até meia-noite.
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A funcionária ainda relata que, por causa da posição desconfortável em que trabalham, as dores na coluna são constantes. E não se pode deixar o posto por poucos minutos, porque pode-se influenciar nos resultados da meta.
“O salário que recebemos é nada se comparado com a enorme pressão que enfrentamos todos os dias no trabalho. O ambiente em que trabalhamos também não é bom. Mas eu só quero abordar essa questão para o público global de que não recebemos o suficiente e trabalhamos em condições desumanas aqui”, disse ao The Guardian.
A reportagem ainda ouviu um porta-voz da banda e outra da organização Comic Relief. Ambos se disseram chocados com as revelações. Por outro lado, a empresa onde Salma trabalha disse que nunca soube de tais condições e ficou de apurar a veracidade das afirmações.
* Nome fictício usado para a proteção da fonte.
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