A maioria das pessoas não leva tão à sério o que conhecemos por espírito olímpico: algumas acham que apenas se trata de dar uns tapinhas nas costas do adversário após a partida. Mas o que ocorreu na madrugada desta terça-feira (16) traduz, talvez com o mais belo conjunto de palavras, o que significa esse sentimento.
O técnico de canoagem Stefan Henze, que estava no Rio de Janeiro para participar das Olimpíadas, sofreu um acidente de táxi na região da Barra da Tijuca, na última sexta (12) e não suportou os ferimentos, falecendo nesta segunda-feira (15). Poderia ter sido apenas trágico, como qualquer outro acidente de carro – mas após a família do alemão permitir a doação de seus órgãos: a história dolorosa ganhou contornos surpreendentes.
Laureado com a prata durante os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, mérito conseguido com a ajuda de seu colega de remo, Marcus Becker, Stefan deu entrada no Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra, com traumatismo craniano. De lá, fora levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, no bairro da Gávea, para uma cirurgia de emergência – a qual ele não resistiu.
Há um ano esperando pela confirmação do transplante de coração, uma senhora portadora de problemas cardíacos crônicos, recebeu a notícia de que seria submetida à cirurgia. Segundo informações do boletim médico, divulgadas por Alexandre Siciliano, à frente da equipe médica do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), após receber o coração de Stefan, a mulher passa bem e permanecerá em observação pelos próximos 3 dias do pós-operatório-imediato.
Christian Käding, um dos membros da equipe, estava mesmo carro que colidiu na Avenida das Américas, mas apresentou apenas ferimentos leves. A delegação alemã de canoagem ficou profundamente abalada com o ocorrido e homenageou o técnico em seu perfil no Twitter, com a seguinte mensagem: “Descanse em paz, Stefan, você permanecerá para sempre em nossos corações.”
Stefan também permanecerá no coração desta mulher – e de todos os brasileiros – por um motivo muito especial.