A infância pobre entre a Jamaica, onde nasceu, e o Brooklyn nova-iorquino, para onde se mudou aos 12 anos, não impediu Nicola Yoon de conquistar uma vaga na faculdade de engenharia elétrica. Ali, percebeu que precisaria se esforçar mais que os colegas homens se quisesse uma carreira promissora e não economizou afinco. Chegou ao cargo de executiva de um fundo de investimentos.
Quando, porém, o chefe ofereceu a ela uma vaga que exigiria mais horas de trabalho, recusou. A promoção afetaria diretamente o sonho de virar escritora, já comprometido pela falta de tempo desde o nascimento da filha, então com 4 meses. Seu primeiro livro, Tudo e Todas as Coisas, de 2015, foi escrito, ainda no cargo, enquanto o bebê dormia, das 4 às 6 horas da manhã.
Virou best-seller três anos depois e conta a jornada de Madeline, adolescente que, por ser alérgica a tudo, vive isolada do mundo. O título tem um toque autobiográfico: Maddie tem ascendência jamaicana e coreana (como a filha da escritora, cujo pai é de origem coreana).
“Quando criança, não encontrava livros com personagens que se parecessem comigo. Quero que minha filha e outras pessoas de diferentes origens reconheçam-se como heroínas de uma história”, explica ela, que faz parte da We Need Diverse Books (Nós precisamos de livros diversificados, em tradução livre), organização que visa aumentar a diversidade de protagonistas na literatura.
Yoon, 44 anos, lançou em março seu segundo livro, O Sol Também É uma Estrela, cujos protagonistas são inspirados nela e em seu marido. Ambas as tramas devem virar filme. O primeiro deles, com Amandla Stenberg (a Rue, de Jogos Vorazes), está previsto para maio.
O Sol Também É Uma Estrela, Sextante, R$ 39,90*.
*Preço pesquisado em fevereiro e sujeitos a alteração