Nesta terça-feira (22/11), autoridades do Catar tomaram uma bandeira de Pernambuco, pois acreditavam ser a de apoio à comunidade LGBTQIA+, devido ao arco-íris presente na mesma. O caso ocorreu em Doha, após uma partida de futebol da Copa do Mundo, entre entre Arábia Saudita e Argentina. As autoridades teriam jogado a bandeira do estado nordestino no chão e pisado nela, de acordo com o jornalista Victor Pereira, que presenciou a situação.
O Código Penal do Catar entende a homossexualidade como prática criminosa, que pode levar a pessoa condenada à privação de liberdade por oito anos, ao apedrejamento ou mesmo à pena de morte sob a “Sharia”, sistema jurídico do Islã, que, no país, é fundamentada pelo Código Penal. Na legislação, não há menção sobre expressões públicas de afeto, mas existe o risco da Justiça interpretar que gestos como beijos ou mãos dadas sejam um indício de que houve relação sexual. Além disso, qualquer homem, seja muçulmano ou não, que “instigue” ou “induza” outro homem a cometer “imoralidades” pode ficar preso por até 10 anos. Para as autoridades do país, as manifestações pelos direitos LGBTQIA+ se enquadram nessa lei.
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Em vídeo publicado no Instagram, o jornalista credenciado pela Fifa relata: “pessoal, eu estou nervoso, tremendo, de fato, porque a gente estava com a bandeira de Pernambuco. […] Estou aqui com alguns voluntários. Ela é de Recife. Desculpa, eu estou tremendo, porque fui atacado por alguns integrantes do Catar, pessoas com essa roupa e também policiais porque eles vieram para cima das meninas achando que era uma bandeira LGBT, mas, na verdade, é apenas a bandeira de Pernambuco. Fui filmar e eles pegaram meu telefone e só devolveram me obrigando a deletar o vídeo que eu fiz. Eu só consegui meu celular de volta porque eu deletei o vídeo que eu fiz. Isso é um absurdo porque a gente tem a autorização da Fifa para filmar absolutamente tudo aqui no estádio”.
O upgrade pass, que Victor possui, dá direito à filmagem não só de eventos da Copa, em si, mas também de lugares públicos. O jornalista havia entregado seu aparelho celular para outra pessoa tirar uma foto. Quando voltou, presenciou o ocorrido e resolveu registrar o que acontecia. Foi então que os policiais e pessoas credenciadas foram atrás dele para apagar o que foi documentado. Posteriormente, as pessoas com credenciais pediram desculpas. Agora, Victor ele tenta fazer uma denúncia, mas há muita burocracia no processo.
A bandeira de Pernambuco possui o arco-íris desde 1817, ano marcado pela Revolução Pernambucana, que tornou o estado independente de Portugal por pouco mais de dois meses. As cores simbolizam não só a união, como também a diversidade daqueles que se reuniram por um ideal.