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Olimpíadas de Tóquio têm o maior número de atletas brasileiras da história

Conheça algumas das mulheres que vão representar o país na competição, que começa nesta sexta-feira (23)

Por Sarah Catherine Seles
Atualizado em 23 jul 2021, 11h33 - Publicado em 22 jul 2021, 21h43
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  • A brasileira Maria Lenk foi a primeira mulher sul-americana a disputar as Olimpíadas em 1932. Apesar de sua participação não ter rendido medalhas, pela falta de treino, sua presença foi um marco na história dos Jogos Olímpicos. Anos depois, em 1939, Maria bateu os recordes mundiais de 200 e 400 metros do nado de peito.

    Tudo começou em 1925, quando tinha 10 anos e estava se recuperando de uma pneumonia dupla. Na época, seu pai a levou até as águas do rio Tietê, que ainda eram limpas na época, para ensinar a nadar. Sete anos depois, ela era a única mulher dentre os 67 atletas que formavam a seleção brasileira. Em 1988, a nadadora foi incluída no Hall Internacional da Fama da Natação. Pioneira, Maria se tornou inspiração para outras mulheres ao longo do tempo.

    Maria Lenk
    Maria Lenk (Bettmann/Getty Images)

    Hoje, Tóquio carrega a bandeira da equidade de gênero, sendo a edição mais igualitária das Olimpíadas. As mulheres representam 49% nos jogos, ou seja, a cada 100 atletas, 49 são mulheres. Na história, a participação feminina aumentou pouco a pouco ao longo dos anos, passando de 9,6% em Amsterdã, em 1928, para 45% no Rio de Janeiro, em 2016, até chegar na edição atual. Olhando para as brasileiras, o saldo também é positivo. O Comitê Olímpico do Brasil reúne em Tóquio 141 atletas, cerca de 46% do total de competidores do nosso país.

    Ketleyn Quadros
    Ketleyn Quadros (Paul Gilham/Getty Images)

    Desde a primeira participação das mulheres brasileiras nos Jogos Olímpicos, as atletas seguem fazendo história com medalhas, títulos e o mais especial: histórias inspiradoras. Em 2021, elas devem escrever mais uma página nessa trajetória: conquistarem a maioria das medalhas brasileiras deste ano, já que são esperança ao pódio em diversas modalidades.

    Além disso, pela primeira vez, uma mulher negra vai carregar a bandeira do Brasil na cerimônia de abertura. A judoca Ketleyn Quadros, medalhista de bronze nos jogos de Pequim, levará o manto verde e amarelo ao lado de Bruno Rezende, do vôlei de quadra.

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    Mulheres em Tóquio

    A história da nadadora olímpica Giovanna Diamante, 24, é separada dos passos de Maria Lenk por quase 90 anos. Como Maria, a atleta teve contato com a natação na infância por meio do pai. Mas, ao contrário da primeira mulher nos jogos, a nadadora divide a emoção da sua estreia ao lado de outras companheiras.

    “Fico honrada em levar o nome do meu País, ainda mais passando por um momento tão delicado com a pandemia. Ter a chance de proporcionar alguns segundos de felicidade para essas famílias que estão sofrendo é a maior conquista que poderemos ter nessa Olimpíada”, conta Giovanna em entrevista a CLAUDIA.

    Giovanna Diamante
    A nadadora Giovanna Diamante tem como inspiração Maria Lenk, primeira mulher brasileira nas Olimpíadas (CBDA/Satiro Sodre/SSPress/Reprodução)

    Giovanna é um nome para ficar de olho na natação, viu? Estreando em sua primeira Olimpíada, a participação da paulistana pode ser considerada resultado de sua luta e de todas as mulheres que vieram antes e abriram caminho para a representação feminina no esporte.

    “De fato, houve um avanço no esporte feminino, mas está longe do ideal. Espero que este percentual [de participação das mulheres] continue a crescer. Principalmente na natação feminina, em que temos uma equipe com dez mulheres num total de 26 atletas”, explica Giovanna. A atleta reforça ainda que o apoio ao esporte feminino tem que ser permanente e não só durante dos jogos.

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    Dentre as responsáveis pela bandeira do Brasil na abertura está a esqueitista Rayssa Leal. Com apenas 13 anos, ela participa pela primeira vez das Olimpíadas e é um dos nomes favoritos para o skate, esporte que faz sua estreia em Tóquio.

    Conhecida como “fadinha” pelo público, Rayssa é a atleta mais jovem a competir pelo Brasil e se destaca tanto em cima das quatro rodinhas quanto fora delas. Ao seu lado, a modalidade ainda conta com Pâmela Rosa e Leticia Bufoni. As três formam um trio de esperança ao pódio.

    Rayssa
    Rayssa Leal (Sean M. Haffey/Getty Images)

    O surfe também entrou para os esportes olímpicos nesta edição dos jogos. E o Brasil marca presença na modalidade com as brasileiras Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb. Silvana, que foi duas vezes vice-campeã mundial, quatro vezes campeã brasileira e oito vezes melhor surfista do Brasil, chega a Tóquio carregando sua paixão pelo esporte há mais de 20 anos.

    Silvana Almeida
    Silvana Lima (Daniel Smorigo/Getty Images)
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    Filha de um surfista e de uma bodyboarder brasileira, Tatiana cultiva o amor pela água em seu DNA. A brasileira foi morar no Havaí, EUA, com apenas dois meses de vida. A familiaridade com o esporte a preparou muito bem para as grandes competições, inclusive para as disputas do World Women’s Championship Tour, principal rota de competição do surfe feminino mundial.

    Tatiana Weston-Webb
    Tatiana Weston-Webb (Jackson Van Kirk/Getty Images)

    Antes mesmo da abertura oficial dos Jogos Olímpicos, o futebol feminino, que coleciona diversas história das jogadoras, iniciou a competição com goleada. Uma delas é Formiga, que, aos 43 anos, bate recorde ao participar de sua sétima Olimpíada e carregar duas medalhas de prata, conquistadas em Atenas 2004 e Pequim 2008. A jogadora leva consigo a luta do futebol feminino no Brasil e os diversos obstáculos que as mulheres enfrentaram para poder jogar bola.

    Formiga
    Formiga (Naomi Baker - FIFA/Getty Images)

    É para representar todas aquelas que foram proibidas naquela época. Não pode ser em vão os esforços delas. Temos que dar continuidade. Eu fico feliz de poder falar: obrigada, meninas, por suportarem tudo. Por darem oportunidade de tantas jogarem futebol. Estou aqui representando vocês”, afirmou Formiga em entrevista ao Globo Esporte.

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    Outro destaque feminino é o vôlei de praia brasileiro, uma das modalidades com mais chance de levar o ouro para casa. A estreia do esporte será no domingo, às 23h (pelo horário de Brasilia), com a dupla Ana Patrícia e Rebecca. Ágatha e Duda também representam o país no vôlei. Há uma grande expectativa de que as quatro atletas subam ao pódio no final da competição. A dobradinha que a gente espera e fica na torcida!

    Desafios

    Rafaela Silva
    Rafaela Silva (David Ramos/Getty Images)

    A situação, porém, não é favorável para todas. A judoca Rafaela Silva está fora dos Jogos de Tóquio por doping. Depois de ter usado uma quantidade pequena de fenoterol, substância usada para tratamento de asma e bronquite crônica, a campeã olímpica foi afastada por dois anos do judô. Falar de doping é muito difícil, parece que são dois pesos e duas medidas”, afirmou a atleta em entrevista ao Universa.

    “Como eu pego a penalidade máxima, de dois anos afastada do judô, por ter uma substância legalizada e que não interfere no meu rendimento? Enquanto isso, a gente vê atleta pego com anabolizante recebendo uma punição mais leve, de seis meses ou um ano. É difícil entender”, desabafou.

    Rafaela é um nome importante no esporte, ela se tornou a primeira judoca brasileira a ser campeã mundial e olímpica nos jogos Rio 2016 e era esperança para Tóquio 2020.

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    Mesmo com tantos questionamentos, principalmente pela pandemia de Covid-19 que ainda assola a população mundial e impede a presença da torcida nas arquibancadas, a Olimpíada de Tóquio é histórica tanto para as atletas brasileiras quantos para as mulheres ao redor do mundo. A edição, marcada pela equidade de gênero, mostra a importância do suporte e incentivo ao esporte, movimento que inclui e depende também da representatividade.

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