Ao falar em Fórmula 1, logo pensamos em carros incríveis, no ronco dos motores e, claro, em velocidade. Segundo o dicionário, velocidade é a qualidade daquilo que é veloz, é a rapidez de um movimento. Já para as mulheres que vivem o GP Brasil, velocidade é a emoção de sentir o coração acelerar a mil dentro do peito ao ver a realização de um trabalho de meses se concretizar a mais de 300 km por hora.
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Em um ambiente predominantemente masculino, as mulheres da F1 conseguiram transformar a paixão pelo automobilismo em local de trabalho, e aos poucos têm conquistado posições estratégicas dentro e fora das pistas.”Fico dentro dos boxes anotando tudo que as equipes estão fazendo, fiscalizo a velocidade do abastecimento, a temperatura do combustível e depois encaminhamos um relatório completo para a FIA (Federação Internacional de Automobilismo)”, contou Rachel Loh, engenheira mecânica e integrante da comissão técnica do GP Brasil.
Com 15 anos de carreira, Rachel se encantou pelo universo automobilístico ainda na graduação, ao participar de programas acadêmicos voltados ao esporte. “Eu descobri projetos de competição em que você projetava, construía e pilotava o protótipo. Me apaixonei e coloquei na cabeça que queria trabalhar com isso”, disse. Ela conseguiu um emprego em uma equipe de Stock Car e depois de algumas curvas fechadas se tornou engenheira de pista.
Apesar de nunca ter sofrido preconceito dos colegas por ser mulher, Rachel diz que é raro alguém do público a reconhecê-la como engenheira. “As pessoas de fora, ao passar pelo boxe, pensavam que eu era alguém do marketing da equipe ou a menina que segura o guarda-chuva no grid”, contou a integrante da comissão técnica que vai acompanhar a corrida do boxe da Ferrari.
Do lado de fora das pistas, elas também marcam presença em posições de comando. Luciana Macia está na pole position da direção de operação do GP Brasil há 12 anos. Com sete mil funcionários atuando durante todo o evento, ela comanda boa parte do funcionamento do GP e compartilha os desafios da profissão. “A corrida é muito maior do que os três dias de evento. Quando acaba uma [corrida], para nós quer dizer que o dia seguinte já é o primeiro dia do próximo GP. Em um emprego normal, você vai corrigindo as coisas para o próximo dia. No nosso caso, precisamos planejar para o próximo ano”.
Já a médica clínica geral e coordenadora do Pronto-Atendimento do hospital Leforte, Evelyn Chevitarese Oliveira, atua no evento há dois anos e explica que algumas pessoas ainda se surpreendem com a presença feminina no local. “Eu fui questionada algumas vezes ‘Nossa, você é mulher e não se incomoda em estar aqui?’, eu disse: ‘Não, sempre gostei da Fórmula 1’. Estou acostumada a trabalhar em um ambiente com muitos homens e, no meu trabalho, sou tratada de igual pra igual”.
Com muita determinação e um olhar atento, as mulheres do GP Brasil de Fórmula 1 chegaram para ficar.
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