A escritora e ativista Marcia Tiburi deixou o Brasil. A decisão foi tomada em dezembro do ano passado, após uma conturbada fase de ameaças e motivada pelo sentimento de insegurança.
Durante seu período como candidata ao governo do Rio de Janeiro pelo PT nas eleições de 2018, Marcia tornou-se alvo não apenas de fake news, mas de uma forte onda de ódio. “Eu não podia ir mais na farmácia, no supermercado. Meus eventos literários começaram a ser inviabilizados”, revelou Tiburi em entrevista ao blog de Pittsburgh.
Segundo ela, nem mesmo os carros blindados ou a presença de seguranças foram capazes de trazer alguma tranquilidade. “As pessoas do campo da segurança, policiais amigos, gente próxima, diziam ‘a gente vai te proteger, mas cuidado, não vá a certos lugares, se for em restaurantes, não senta na janela’. E eu ficava com medo e não ia, claro.”
Aterrorizada, a escritora acabou por escolher o autoexílio após ser convidada para uma residência literária em Pittsburgh, na Pensilvânia. “Quando recebi o convite, eu realmente aceitei com gratidão. Vir para cá foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Por mim e pela minha militância também.”
Morando em uma universidade que abriga escritores em situação de risco, Marcia não deixou de lado seu ativismo e oposição ao atual governo. Ao contrário, tem usado da oportunidade para mostrar ao mundo o que tem acontecido no Brasil. Em Nova York, por exemplo, participará de um evento em nome de Marielle Franco. Também acompanhará em Paris, para onde se mudará com o marido, a proposta de nomeação de uma rua em homenagem a vereadora.
Um retorno às terras brasileiras, porém, continua incerto. “Voltar ao Brasil… eu não sei quando. Eu espero que o país se cure dessa doença. Não tenho planos de ir ao Brasil, não. Acho que não dá”, lamentou.
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