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Anita Rocha da Silveira é força feminina dentro do ambiente sexista do cinema brasileiro

Seu primeiro longa "Mate-me por favor" estreia, na quinta-feira (15), nos cinemas de todo o Brasil e conta a história de uma adolescente curiosa que convive com o assassinato de outras meninas em sua rotina.

Por Letícia Paiva
Atualizado em 27 out 2016, 20h41 - Publicado em 8 set 2016, 13h53
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O longa Mate-me por favor, premiado no Festival de Veneza e no Festival do Rio, estreia nos cinemas nea quinta-feira (15) e apresenta algumas das jovens promessas do cinema nacional. A diretora e roteirista da produção Anita Rocha da Silveira conversou com a CLAUDIA sobre o longa – e, principalmente, sobre despontar como exemplo feminino em direção de cinema, posição pouco ocupada por mulheres.

Em 2014, as mulheres dirigiram 7% dos filmes lançados comercialmente, enquanto 11% dos roteiros foram escritos por elas, responsáveis por 23% das produções. Os números se referem aos 250 filmes mais rentáveis nos Estados Unidos e foram elaborados na San Diego State University. Anita diz que a questão começa já na formação: “Na faculdade, todas as aulas práticas eram ministradas por homens”. Segundo ela, os comentários preconceituosos eram frequentes. “Um professor chegou a dizer que as mulheres devem fazer apenas a montagem dos filmes, porque a tarefa se assemelha à costura”, diz. 

Leia também: 15 filmes brasileiros para assistir no cinema em 2016

Mate-me por favor é o primeiro longa da diretora carioca, que também fez curta-metragens no mesmo estilo de terror e suspense com elenco jovem. O filme é centrado na adolescente Bia (Valentina Herszage), moradora da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro – cenário afastado dos cartões-postais na capital fluminense e pouco explorado nas telas. A rotina da garota de 15 anos é marcada por uma série de assassinatos de outras adolescentes região. 

 

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Anita conta que, em seu primeiro curta, O Vampiro do meio-dia, não recebeu apoio da faculdade para gravar – Anita se formou em 2008 na PUC-Rio –, tendo sido preterida para que um colega usasse os equipamentos. Até meados do curso, ela diz que não pensava em ser diretora. “Eu tinha um certo medo de ser diretora, que é um cargo de liderança, onde a mulher é vista como mandona e o homem como determinado”, diz. 

Quando começou a viajar para festivais com seus filmes, percebeu o baixo número de mulheres dirigindo. Às vezes, era a única mulher, não tendo com quem dividir o quarto. Quando comentava com os colegas, era comum fazerem piada ou dizerem que não haviam filmes bons dirigidos por mulheres, por isso ela estava só. “Quando eu ia ver, a comissão de seleção era composta apenas por homens…” diz. Anita destaca que, atualmente, a questão é muito mais discutida e, por conta disso, as mulheres têm tido mais espaço para questionar: “Agora, podemos falar sobre isso, antes davam risada”. 

No novo filme, a carioca diz que colocou muito do que observou em sua vida no roteiro. A personagem principal é inspirada em uma grande amiga que cometeu suicídio jogando-se da janela aos 19 anos. “Cada personagem é uma parte do que vivi. A Bia tem muito da minha amiga, de testar os limites do próprio corpo e de achar que é invencível”, conta. O filme fecha um ciclo da diretora. A partir de agora, no próximo longa em que está trabalhando, ela foca em um público mais adulto – em Mate-me por favor adultos não tem espaço em cena – e distante da sua realidade de classe média carioca.

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