A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cassou, nesta terça-feira, o mandato do ex-deputado estadual e integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, que ficará inelegível por oito anos. O processo de cassação foi uma resposta aos áudios machistas compartilhados pelo então deputado sobre as mulheres ucranianas que fugiam da guerra no país em março deste ano. Em uma das mensagens, ele dizia que essas mulheres “são fáceis porque são pobres”. A Alesp chegou à decisão de cassação dos direitos políticos de Arthur após uma votação que terminou com 73 votos a favor da cassação, nenhum voto contra e nenhuma abstenção.
Em nota enviada à imprensa, a equipe de defesa do ex-deputado, representada pelo advogado Paulo Henrique Bueno, afirma que a decisão “deixa claro que foi promovida uma perseguição” com o objetivo de retirar o político da disputa eleitoral deste ano. Já a assessoria de Arthur argumenta que a cassação é uma medida desproporcional, “já que a mesma Casa [Alesp] foi branda em relação a casos muito mais graves, como o do parlamentar Fernando Cury, que apalpou os seios de uma deputada [Isa Penna] e foi suspenso por apenas seis meses”.
Após a repercussão internacional sobre o vazamento de seus áudios machistas, Arthur do Val —que foi o segundo deputado estadual mais votado em 2018, com 478.280 votos— renunciou ao mandato, em abril.
Antes dele, o Conselho de Ética da Alesp só havia aprovado uma cassação em 1999, quando o então deputado Hanna Garib perdeu o mandato por acusações de envolvimento em esquemas de corrupção administrativa na gestão da cidade de São Paulo.