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“A experiência verde pode substituir remédios”, diz escritor que defende o ‘brincar lá fora’

Richard Louv acredita – e comprova com pesquisas – que atividades físicas em contato com a natureza são ainda mais benéficas aos seres humanos

Por Liliane Oraggio (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 23h48 - Publicado em 13 set 2016, 16h41
Ricardo Toscani
Ricardo Toscani (/)
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O americano Richard Louv cresceu em Kansas City, no Missouri, entre bosques e vastos campos de milho. “Correr ali me deu muita confiança na vida e no futuro”, disse a CLAUDIA. Formou, assim, a convicção de que deveria proporcionar a outros meninos e meninas experiências semelhantes. Louv é cofundador da Rede Criança e Natureza e desde 2005 propaga o “brincar lá fora” como forma de educar, prevenir e curar doenças. Sua preocupação é com a screenage (a geração das telas, que vive grudada em smartphones) e todos os influenciados por ela, sobretudo os de 5 a 17 anos. Entre os adolescentes, a maioria permanece conectada, em média, seis horas e meia por dia. “Chamei isso de déficit de natureza, termo não médico para sensibilizar pediatras, educadores e pais sobre as evidências de que a experiência verde pode substituir remédios”, afirmou. “Ela reduz déficit de atenção, hiperatividade, depressão, ansiedade, obesidade infantil. E fortalece o sistema imunológico.”

O especialista contou a novidade a uma plateia de educadores reunidos pelo Instituto Alana, em junho passado, em São Paulo. Louv veio lançar seu livro A Última Criança na Natureza (Aquariana, 65 reais), editado em 20 países. Ele revela que os benefícios são os mesmos para os adultos: “Sem excesso de eletrônicos e com, no mínimo, dez minutos diários de contato com o verde, já se obtêm lucros”. As observações dele motivaram estudos científicos. Um deles, da Universidade Essex, no Reino Unido, analisou 1.252 pessoas de diferentes idades, gêneros e condições de saúde. Um grupo malhou em sala fechada. O outro exercitou-se na natureza. A quantidade de calorias queimadas foi a mesma, mas o time que esteve ao ar livre tornou-se mais sociável e equilibrado emocionalmente. O resultado das investigações acadêmicas entrou em seu mais recente livro, Vitamin N, ainda sem data de chegada ao Brasil. 

Louv propõe que os pais que trabalham muito convoquem os avós para conduzir os pequenos e contar a eles as histórias de sua infância sem eletrônicos. Nos fins de semana, as famílias podem fazer trilhas e chamar amigos para curtir a natureza em conjunto. No mais, vale organizar excursões pelo bairro para observar jardins, praças, ruas com árvores ou apenas vasos, folhas e até gravetos no chão. “Devemos, ainda, mostrar às crianças o céu azul, as estrelas e nuvens, a lua, a chuva, as flores”, propõe. Esses espetáculos, afinal, também se dão nas duras e poluídas cidades de asfalto e concreto. 

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