A história da argentina Mercedes Urquiza se confunde com a de Brasília. Considerada uma memória viva da Capital Federal, ela deixou sua terra natal em 1957 para viver em um local que prometia virar uma cidade. Em “A Trilha do Jaguar: Na Alvorada de Brasília” (Editora Senac), a autora convida os leitores para uma viagem recheada de curiosas histórias.
Acompanhada de seu marido e de um cachorro da raça pastor alemão, Mercedes chegou em Brasília aos 18 anos dirigindo um Jeep. O trajeto, exaustivo, durou 48 dias. Mas valeu a pena. Quando enfim estacionaram, se apaixonaram pela cidade e de lá nunca mais saíram. Durante um tempo, logo que chegou, Mercedes trabalhou como intérprete do fotógrafo sueco Ake Borglund – que também tem algumas de suas fotos estampadas no livro. Depois, foi corretora de terrenos da cidade.
Ilustrada com fotos exclusivas de seu acervo, a obra conta, em trinta capítulos leves, histórias de outros migrantes que ergueram a cidade, as dificuldades que passaram juntos, a solidariedade que reinava em momentos de dificuldade e documentos da época da construção da cidade. “É uma biografia recheada de romance, aventuras e desafios”, diz a autora.
Mercedes deu ao livro o nome de um animal que, segundo ela, representa tanto sua história quanto a de Brasília – que hoje conta com uma população de mais de 3 milhões de habitantes. “Jaguar é um ser inquieto, que está sempre em movimento. Assim como esta cidade”, justifica. Aos 79 anos, com dois filhos, cinco netos e três bisnetos, ela se orgulha por ter construído uma família de brasileiros – e, claro brasilienses. “Tudo o que sou devo à Brasília. Meu encontro com a cidade foi obra do destino”, fala. “Cada ano que passa me faz lembrar da época em que morava com meu marido, hoje já falecido, em um lugar que sequer existia no mapa”, acrescenta.