Há 25 anos, estreava nas telonas, o clássico assinado por Ridley Scott, “Thelma & Louise”. O longa que conta a história da amizade entre Thelma, interpretada por Geena Davis, uma jovem dona-de-casa extremamente submissa, e Louise Sawyer, uma garçonete de 40 anos, vivida por Susan Sarandon, representou um marco para as mulheres da geração dos anos 90 por falar não só sobre a cumplicidade entre melhores amigas, mas sobre a necessidade do empoderamento feminino – e como ele pode ser muito mais divertido quando é um processo mútuo entre duas mulheres muito próximas e à prova de balas. Na época de seu lançamento, não havia uma discussão tão contundente sobre o quão importante eram questões como a igualdade de gênero, assédio sexual e a liberdade feminina, e é por esta razão que nós listamos os 5 motivos que fazem da dupla uma das mais superpoderosas da história do cinema americano:
1. Porque mesmo sendo muito diferentes, elas se dão bem
Para não dizer que as duas tinham um comportamento praticamente oposto antes de seguirem estrada dentro. Thelma é a típica mulher adorada pela maioria dos homens dominadores e sem caráter: submissa, ingênua, dona-de-casa, mente fechada, sem voz própria, oprimida pelo marido. Enquanto Louise é uma mulher bem-resolvida de personalidade forte, independente financeiramente e de mente aberta. E mesmo assim, nenhuma desrespeitava a outra pelas suas escolhas, Louise apenas alertava a amiga para que ela não sofresse na mão do marido. As duas se gostavam pelo que eram – e isso inclui até as consequências das decisões em que uma discordava da outra.
2. Porque Louise cuida de Thelma como se fosse sua própria mãe
Por ser mais velha e mais experiente, Louise se preocupa de um jeito quase maternal com Thelma. A garçonete a protege, ensina e conduz, inclusive passa a mão na cabeça da dona-de-casa quando ela pisa na bola e faz algo de errado. Tanto é que as duas se dão tão bem pela malícia e destreza de Louise em lidar com as adversidades que aparecem pelo caminho. Este cuidado é quase palpável na cena em que Thelma pede à Louise para dar carona ao J.D., personagem interpretado por Brad Pitt no começo de sua carreira. Naquele momento do longa, é evidente que a dona-de-casa age como se fosse uma “menina pidona”, implorando à mãe para que faça sua vontade.
3. Porque durante a viagem uma aprende muito sobre a vida com a outra
Por vivenciarem juntas todas as reviravoltas e confusões desta aventura ilícita, os laços de amizade e respeito entre as duas acabam se estreitando tanto que ambas superam as diferenças e passaram a ensinar uma à outra muito sobre todas as coisas. Thelma aprende da maneira mais difícil a ser mais forte e valente com Louise, que por sua vez, a ensina a ser cada vez mais leve. Mas o maior aprendizado da trama acontece com a personagem interpretada por Geena Davis, que vai se transformando e se descobrindo conforme a dupla vai encarando os desafios de colocar o pé na estrada juntas.
4. Porque elas provaram que numa situação de perigo, a primeira coisa que vem à cabeça da amiga é defender a outra
Que Louise é uma mulher forte, todas nós não temos sombra de dúvida. Mas toda essa força tem um motivo de ser, por mais que a garçonete seja apresentada como uma mulher bem-resolvida, ela carrega um trauma de ter sido abusada sexualmente quando pequena. É por este motivo que ao ver a amiga Thelma sendo coagida a fazer o que não queria por um homem no bar, ela não foi capaz de se controlar e acabou atirando nele. Este marca o início da fuga da dupla, e um rompante na mentalidade ingênua de Thelma que após o episódio passa a pensar mais sobre a necessidade de se proteger, como qualquer outra mulher que mesmo sem estar alcoolizada, apenas por ser mulher já é considerada vulnerável a situações como esta.
5. Porque se elas entraram nessa juntas, elas saíram juntas
Pode-se dizer que a moral de toda essa história seja o velho clichê de que a amizade é a coisa mais importante do mundo, mas essa é uma leitura rasa. “Thelma & Louise” é muito mais sobre a viagem de duas melhores amigas, mesmo que naquela época não se tivesse dimensão disso, é sobre a liberdade feminina, sobre sororidade. Isso mesmo, sobre este termo estranho, que no feminismo significa a união entre duas mulheres, calcada na empatia e no companheirismo, na busca de alcançar objetivos em comum. Vai dizer que esta não é a descrição perfeita do filme? A imagem final congelada do carro instantes antes de cair não nos deixa mentir, elas alcançaram o seu objetivo: foram livres juntas.