Danielly, Silvana, Alessandra e Mariana. Em um período de apenas quatro dias, essas quatro mulheres de diferentes municípios de São Paulo foram vítimas de feminicídio. O número supera estatísticas de 2018, quando o crime vitimava uma mulher a cada dois dias e meio.
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A primeira vítima foi Silvana Augusto Jesus, de 31 anos. Moradora da cidade de Agudos, ela foi morta na quarta-feira (20) pelo companheiro Luis Fernando Maroni Goehring, 38, e enterrada no quintal da casa em que morava com ele. Encontrado com manchas de sangue no corpo, o agressor foi preso em flagrante.
No dia seguinte (21), Danielly Teles Baffa, 25 anos, tomava sorvete com um amigo em Araraquara quando foi surpreendida pelo namorado Dagner Ribas dos Santos Silva, 33. O pizzaiolo chegou ao local de moto e a atacou com facadas. Até então, sempre que alguém se mostrava preocupado com o relacionamento dos dois, a jovem alegava que ele era “incapaz de fazer mal a uma mosca”.
“A gente falava para ela ter cuidado com ele, pois havíamos ouvido histórias de que ele enganava a primeira mulher e batia na segunda”, contou a tia e madrinha de Danielly, Luciane Nunes, ao jornal Folha de São Paulo. “Ele sempre se fazia de vítima para ela: falava que ia se matar, que era sozinho. E ela ferrou com a vida para ajudá-lo”.
“A gente nunca achou que a coisa fosse chegar num feminicídio, mas sabíamos que se tratava de uma relação abusiva”, completou o tio da jovem, o advogado Cezar Nunes. Dagner se encontra em prisão temporária.
A quase 160 km dali, em Pirajuí, a segunda vítima foi atacada com golpes de faca depois de ter uma discussão com o marido. Alessandra Cristina Robledo Florino, de 40 anos, era manicure e casada com o trabalhador rural Alex Aparecido Cardoso, 36. No dia do crime, ele havia participado de um churrasco e chegou em casa alcoolizado.
Após o crime, Alex chegou a tentar suicídio, segundo o delegado César Ricardo Nascimento, responsável pelas investigações. A faca de 20 cm utilizada pelo agressor foi apreendida e a polícia ouvirá testemunhas, entre elas o filho de 13 anos de Alessandra, que foi quem chamou o socorro. Além dele, a vítima deixa também um bebê de seis meses, do seu relacionamento com Alex.
Ainda no mesmo dia, a cabeleireira Mariana de Fátima Mafei, de 30 anos, foi morta a tiros por Adenilson Soares de Prado, 36. Ele se matou em seguida. A irmã de Mariana, Marcia Mafei, 43, contou ao jornal que os dois haviam se conhecido quando a vítima tinha 13 anos, mas há apenas seis meses que Mariana, separada do ex-marido, decidiu dar uma chance para Adenilson. “Ele era de família boa, trabalhador, cultivava terra. Começou a mandar flores para a Mariana e disse que ela sempre foi o amor da vida dele”, declarou Marcia.
Porém bastou um mês para que ela percebesse que o homem era excessivamente ciumento. Ele criava perfis falsos de homens nas redes sociais para testar Mariana, fazia chamadas de vídeo para descobrir onde ela estava e surgia no trabalho dela sem avisar.
O relacionamento era cheio de idas e vindas. “Mas ela nunca aguentava mais do que um mês”, disse a irmã. Certa vez, Adenilson chegou a ameaçar suicídio caso fosse deixado. Apesar de nunca ter sofrido agressões físicas, Mariana temia o fato do companheiro ter uma arma em casa, sob a alegação de querer proteger a propriedade de roubos.
Na sexta-feira (22), ela estava determinada a por um ponto final definitivo no que havia entre eles. “Ela disse que não queria mais mesmo, que ele parecia psicopata e que a história poderia acabar mal. Disse para cada um seguir o seu caminho”. Por volta das 20h50, Adenilson foi até a casa de Mariana, que se recusou a conversar. Ele então disparou cinco vezes, das quais três atingiram a vítima nas costas. Na casa estavam também a mãe e um tio de Mariana. A filha de sete anos dela havia saído poucos minutos antes para ficar com o pai. “Estamos desolados. Era era a luz da nossa casa. A filha está muito abalada, chorando”, relatou Marcia.
De acordo com dados da Segurança Pública de São Paulo, entre os meses de janeiro a setembro deste ano, 121 casos de feminicídio foram relatados no estado, indicando um crescimento de 27,3% na taxa registrada durante o mesmo período em 2018, quando foram computados 95 casos. Das ocorrências de 2019, 63 ocorreram no interior. Ano passado, o número foi de 52.
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