Em julho de 2021, Matt Ripa, coordenador de operações de Teatro da Universidade Católica de Washington (EUA), limpava seu escritório por conta de obras na faculdade e viu um saco de lixo entre algumas caixas dos correios. Curioso, ele abriu o volume, que continha uma caixa de sapatos e, dentro dele, um vestido quadriculado azul, inegavelmente familiar. Depois de examinar o vestido cuidadosamente, vestindo luvas, ele e um colega levaram a peça ao Museu Smithsonian, onde verificaram sua autenticidade e descobriram um bolso interno escondido com um nome bordado à mão: “Judy Garland“. Tratava-se do icônico vestido usado pela atriz que interpretou Dorothy n’O Mágico de Oz, e que estava perdido há 40 anos. No dia 24 de maio, a peça irá à leilão, confirmou Bonhams, a casa de leilões responsável pela venda.
“Os vestidos desse filme icônico aparecem muito raramente no mercado de leilões, e é emocionante poder identificar as cenas em que Judy Garland usou essa peça”, comentou Helen Hall, porta-voz da Bonhams, em um comunicado. A casa de leilões estima que a peça seja vendida por um valor entre 800 mil e 1,2 milhão de dólares. Em 2015, outro famoso vestido usado pela atriz no filme de 1939 —a versão com avental quadriculado solto sobre uma blusa branca— foi leiloado por 1,46 milhão de euros, um terço a mais do que o valor previsto.
Outro item do figurino de Dorothy n’O Mágico de Oz, os famosos sapatinhos vermelhos brilhantes, foram recuperados pelo FBI em 2018, 13 anos depois de terem sido roubados do Museu Judy Garland, e devolvidos aos proprietários.
Agora, o dinheiro arrecadado com o leilão do vestido quadriculado será doado ao departamento de teatro da Universidade Católica de Washington, onde se formaram atores e atrizes como Susan Sarandon ou Jon Voight. Um nome menos conhecido que também passou por lá foi Mercedes McCambridge, que ganhou um Oscar de melhor atriz por O Político, em 1950, e foi uma grande amiga do padre Hartke, que trabalhava na instituição. Teria sido ela quem lhe presenteou com o vestido usado por Judy Garland, já que Hartke era um grande colecionador de roupas de celebridades. Quando ele morreu em 1986, colegas da universidade tentaram encontrar, em vão, o famoso vestido, mas acreditaram que a história não passava de uma lenda, até o ano passado, quando a peça foi achada. Apesar de os profissionais de Teatro da Universidade admitirem que não foi fácil a decisão de levar a peça a leilão, pode ser que o capital arrecadado ajude a formar, na própria instituição, a próxima Judy Garland nas artes cênicas.