Com desfiles de moda exclusivamente digitais e bastante conceituais, a 25ª edição da São Paulo Fashion Week terminou na noite de domingo, 8, com poesia, inspirações no teatro e na literatura.
Além de ser online esta edição teve, pela primeira vez, cota de diversidade étnica-racial dos modelos. Em parceria com o coletivo Pretos na Moda, que desde junho vem denunciando casos de racismo no segmento, todas as marcas formaram seus castings com, no mínimo, 50% de pessoas negras e/ou indígenas.
Conforto e versatilidade deram o tom das apresentações que pode ser conferida pelo público ao vivo pelo canal da São Paulo Fashion Week no Youtube. Ao longo da semana de moda também foi possível conferir que a pegada sustentável veio para ficar com várias marcar apostando em reutilização de peças e tecidos ecológicos. A democratização e a celebração da moda como poderosa ferramenta de expressão também marcaram a 25ª SPFW.
Se você perdeu as novidades e as tendências expostas na passarela digital pode conferir um resumo do que foi essencial de todos os dias anteriores aqui:
Vamos aos destaques do último dia, segundo o editor de moda de CLAUDIA, Fabio Ishimoto:
Apartamento 03 (@apartamento03)
“Em uma apresentação bastante teatral, com trilha sonora de violinos e canhões de luz alternando entre claro e escuro, a marca mais uma vez exibiu peças de excelente execução e beleza ímpar, já tão característicos do trabalho de Luiz Claudio, diretor criativo. Inspirada em Saramago, na obra “Ensaio sobre a cegueira”, a coleção ganhou novo significado, sendo exibida da mesma forma como estavam antes de sermos atingidos pela pandemia: sem acabamentos, faltando botões. O vídeo da apresentação passou a ser um registro de um trabalho interrompido por uma nova realidade e as peças inacabadas contam essa história”, diz Fabio.
ALUF @aluf___
“Belas peças com exercício de proporções e volumes, características fortes da marca, que passou a integrar o line up oficial do SPFW nesse edição. A coleção foi dividida em 3 famílias, sempre com tecidos sustentáveis, questão que sempre permeou a trajetória da Aluf: primeiro os tecidos crus com acabamentos desfiados, seguido por tons neutros com listras e brilhos e finalizando com linho vazado em camisas e calças”.
Angela Brito (@angelabritobrand)
“Identidade, a coleção da estilista cabo verdense, veio falando de experiências muito pessoais vividas por ela, pela transitoriedade que teve por vários lugares, que somaram e a traduzem como indivíduo. Plissados, drapeados, assimetrias e sobreposições resultaram em looks cheios de significado, que somados a elementos como piercings e tatuagens, representam a sua ancestralidade. A estilista, que se auto declara subversiva e não conformista, por ser ‘uma mulher negra que não se conforma com o lugar que lhe era destinado’, realizou uma apresentação digna de aplausos.”
Isaac Silva (@isaacsilvabrand)
“Para apresentar a coleção “Flores para Iemanjá”, Isaac Silva lançou mão de um artifício simples e muito significativo: exibiu as mesmas roupas vestidas por diferentes tipos físicos e gêneros, demonstrando a democratização das suas peças de forma clara. Depois da aclamada estreia da marca no evento do ano passado, a expectativa era grande e a marca não decepciona: os vestidos, túnicas e chemises vieram aprimorados e apresentação foi vibrante e positiva”
Ronaldo Fraga (@fragaronaldo)
“Um dos desfiles mais aguardados a cada edição do SPFW, dessa vez Ronaldo Fraga reviveu a estilista Zuzu Angel, falecida em 1976. A própria foi desenhada e animada em 3D e desfilou modelos desenhados por Ronaldo, em um trabalho minucioso do Studio Asteri, especializado em desenvolver modelos digitais. Foram recriados digitalmente inclusive as delicadas rendas renascença do cariri paraibano, com riqueza de detalhes. Contando parte da história de Zuzu e exibindo trajes pensados nela, o estilista mais uma vez fez uma apresentação forte e comovente.
Confira na íntegra: