O primeiro dia da 54ª edição do SPFW, que começou nesta quarta-feira, entregou tudo o que as fashionistas esperavam. De coleções que reverenciam um tropicalismo em color blocking a propostas góticas, as marcas apresentaram estéticas para todos os estilos e corpos – o casting de modelos com cada vez mais diversidade de gêneros e tamanhos tem se consolidado, finalmente, nas últimas edições do maior evento de moda do país.
Um dos destaques foi a estreia da Greg Joey, marca do estilista Lucas Danuello, que levou à passarela suas peças agênero, de modelagem ampla e fluida. As pregas manuais, características da marca, também apareceram nos casacos e vestidos da coleção Slasher Tour, inspirada nos filmes de terror dos anos 1980 e 1980. “Quis trazer esse conceito do feio, do horroroso, associado à ideia de graça e beleza”, contou Lucas a CLAUDIA no backstage do desfile. Além das camisetas em tons neutros (off-white, marrom e cinza) com estampas que fazem referência a essa proposta, a Greg Joey apresentou calças, vestidos, macacões e chemises em azul marinho, vermelho e amarelo, com variações de cores terrosas.
Destaque dos olhos na make
A beleza da marca foi assinada por Vanessa Rozan, maquiadora e colunista de CLAUDIA, que traduziu a proposta de horror com sombras escuras esfumadas, além de pequenas miçangas e canutilhos colados em forma de lágrimas. Em quase todas as passarelas do primeiro dia de SPFW54, os olhos foram protagonistas das makes, que apresentavam peles mais básicas e bocas em tons mais neutros ou clássicos. Sombras neon, como as da coleção da Meninos Rei, ou delineados com diferentes grafismos foram alguns dos destaques.
Franjas, pedrarias e canutilhos
E se as pedrarias brilharam (literalmente) nos olhos de alguns modelos, elas não ficaram de fora das roupas. Junto com muitas franjas, algumas plumas e vários canutilhos, elas compuseram as texturas de vários looks. Walério Araújo, que sempre apresenta um baile de brilhos, ousou ainda mais com um vestido preto nada básico, longo, com cut out na cintura e inteiramente feito de canutilhos. As pedrarias também formaram muitas caveiras e um grande coração roxo como protagonista de um vestido longo em lamê rosa, numa coleção que reverencia a estética gótica. Tampouco faltaram veludo, rendas e black jeans nessa viagem do glam ao underground, um reflexo da própria trajetória do estilista, que teve como berço a cena noturna paulistana.
Com uma proposta completamente diferente, Renata Buzzo trouxe a delicadeza na loucura (a grande inspiração de sua coleção Cavum) com grandes franjas assimétricas em off-white, rosa e azul claro em tecidos cintilantes e costurados com muitos penduricalhos. As franjas também compuseram casacos que faziam as vezes de camisa de força, além dos vestidos com pequenas plumas, sobreposições de tule e várias aplicações.
Corpo à mostra
Um tropicalismo extremamente colorido também marcou presença no dia de abertura da SPFW54, começando com o desfile da Meninos Rei, marca baiana que tem a cultura e estética negras no seu DNA. Nesta temporada, a marca apresentou a coleção Onde Nasce a Arte, em homenagem ao subúrbio ferroviário de Salvador, trazendo, além da estamparia multicolorida que lhe é característica, cumprimentos curtos, muitos croppeds e decotes.
Muita pele também ficou à mostra, como não poderia deixa de ser, na passarela de Walério Araújo, que apresentou looks one piece em renda super transparente, invariavelmente com fio dental. Já a Bold Strap levou à semana de moda seu fetichismo característico, mas, dessa vez, em cores vibrantes, como rosa, azul, amarelo e laranja. Com a proposta de uma invasão alienígena, modelos apareceram com os corpos inteiramente pintados nesses mesmos tons ou com orelhas pontudas, vestido harness, babylooks de tule e lingerie em couro colorido. Tudo em tecidos com recortados e com um excesso (aqui, sempre positivo) de transparências. Uma ode ao corpo, a todos os corpos, inclusive os que parecem extraterrestres. Ainda bem.