A moda e a arte caminham juntas, isso não é novidade para ninguém! Em um cenário global marcado por múltiplas crises, observamos um crescente número de jovens que estão adotando uma estética caótica como uma maneira de enfrentar a realidade. A cultura do caos, previamente identificada como uma tendência em 2021 pela WGSN, hub que prevê tendências de consumo, estilo de vida e design de produtos, tem agora atingido níveis sem precedentes em 2023. Tudo aponta que o surrealismo vai entrar em uma nova era.
Esse fenômeno tem o potencial de continuar influenciando as estratégias de marcas nos próximos anos, impulsionado pela escassez de atenção e pelo aumento do niilismo. Entre na Schiaparelli e o começo da Balenciaga, temos inspirações de movimento artístico, que surgiu na Europa em 1919. Agora, temos uma outra versão disso, que funciona como uma válvula de escape: há uma nova obsessão por chamar a atenção e vemos uma tradução disso na moda e na cultura. As bolsas gigantes da Jacquemus, as botas diferentonas da MSCHF, a inteligência artificial da Collina Strada no desfile mais recente da NYFW, são alguns exemplos.
A inteligências artificiais, que geram imagens e machine learning, também exploram esse movimento, o que casa com a abordagem da nova marca brasileira Otti, que nasceu no Rio de Janeiro e explora bolsas de luxo, mas com uma identidade visual exagerada e bem colorida. O conceito da label, criada por Nina e Peter Gaul, trabalha IA, tanto na criação das peças, quanto de estampas e conteúdos digitais. “Não tem no mundo uma marca de acessórios como a Otti, com todo o frescor visual, preço, mix de produtos, proposta de comunicação, tudo com muito design, arte, senso de humor e a leveza brasileira”, afirma Nina.
A Otti mostra que é viável utilizar o mundo virtual para criar soluções inovadoras, resultando em uma marca com uma identidade visual distinta. A nova coleção oferece mais de 260 itens agêneros, que incluem bolsas, mochilas, pochetes e alças. Estes produtos apresentam 35 estampas únicas em fine art. A linha é produzida sem o uso de pele animal e é totalmente reciclável.
A WGSN prevê que esse movimento surrealista, explorado como uma fonte criativa e meio de autoexpressão, tem um enfoque na Geração Z. Fomentado pela cultura do caos, peças de vestuário e produtos de beleza refletem a estética caótica, incorporando elementos de desordem, ousadia e rebeldia. Para conquistar essa geração, as marcas já começaram a abraçar essa autenticidade, promovendo a individualidade e a expressão pessoal por meio de suas coleções e produtos. Essa expressão é traduzida em uma forma de chamar a atenção pelo excesso, um apelo para chamar o consumidor através do absurdo. Vale analisarmos os próximos passos dessa tendência.