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Riccardo Tisci, da Givenchy: “Resolvi usar o meu poder para fazer as pessoas pensarem”

Comemorando uma década à frente da Givenchy, o provocativo diretor artístico levou o poder da inovação à tradicional grife. Cheio de contrastes, ele revela aqui suas inspirações e fala sobre sua última conquista: fincar a bandeira da maison francesa nos Estados Unidos.

Por Eric Wilson (Colaborador)
Atualizado em 21 jan 2020, 13h25 - Publicado em 12 mar 2016, 10h00
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O estilista quer usar sua posição na moda e sua influência no mundo pop para disseminar uma mensagem sempre presente em suas criações: amor e tolerância.

Um dos temas mais recorrentes nas suas campanhas à frente da Givenchy é a diversidade, tanto de gêneros quanto de etnias. Curiosamente, esse comportamento também tem sido cada vez mais recorrente no mundo da moda. Por que você acha que esse tipo de atitude se disseminou no mercado?

Eu fico muito feliz ao ver isso, pois, no início da minha carreira, recebi muitas críticas pelo que eu estava fazendo. Sofri ataques quando usei minha amiga, a modelo brasileira transexual Lea T, em uma campanha e também quando fiz um desfile em que a maioria das modelos era negra. Eu era muito jovem e ingênuo e, quanto mais eu chocava as pessoas com as minhas escolhas, mais orgulhoso eu ficava. Foi quando percebi que eu poderia ter um poder de influência que ia muito além de apenas impulsionar as vendas de bolsas. Por isso, resolvi usar o meu poder para mandar uma mensagem positiva ao universo e fazer as pessoas pensarem um pouco.

Nesse movimento de diversidade, você usou a estilista Donatella Versace como uma das estrelas da campanha de inverno 2015. Por que fez essa escolha?

Eu coloco as pessoas que eu amo nas minhas campanhas. Quero celebrar famílias, tribos e gangues de todos os tipos. E eu amo a Donatella! No início da minha carreira, ela foi umas das primeiras pessoas a me abrir portas e dar oportunidades. As pessoas pensam que todos os estilistas se odeiam, mas isso não é verdade. Eu tenho muito respeito por eles – não por todos, é verdade, pois a vida é assim. Donatella, Karl Lagerfeld e Hedi Slimane são meus amigos. No final das contas, não importa quem de nós é o mais lucrativo.

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Em meio a tanta beleza e poesia, você também tem um lado mais obscuro. Entre suas criações de sucesso está o moletom com estampa de rottweilers e os acessórios (brincos e piercings) no melhor estilo gângster. Como concilia essas imagens?

Os opostos são muito importantes no meu estilo. Eu sempre brinco entre o romantismo e o dark, a religiosidade e a sexualidade. Tudo isso vem da minha alma. Tenho muita sorte em ser pago para ser criativo. Posso fazer um vestido de alta-costura que chega a custar 300 mil euros, mas também sinto a necessidade de criar produtos mais acessíveis para qualquer pessoa que queira embarcar comigo em minha jornada. Parte do meu sucesso tem sido poder vestir tanto mulheres maduras quanto pessoas jovens em looks para o dia a dia.

A crítica de moda foi unânime nos elogios ao seu desfile que prestou um tributo aos atentados de 11 de setembro – e que também marcou sua estreia na semana de moda de Nova York. Como o conceito da apresentação foi elaborado?

Essa realmente foi uma data muito delicada para realizar um desfile. Mas não foi uma escolha nossa. O conselho que organiza a semana de moda da cidade nos apontou esse dia. Todas as pessoas envolvidas no evento ficaram bastante tensas, por isso, eu tive vontade de reunir todas as religiões em um único lugar e passar uma mensagem de que estamos todos aqui para perdoar o passado pensando com muito amor no futuro. Eu acredito que por essa razão o desfile foi recebido tão positivamente pela crítica. Não foi uma apresentação de uma grande grife fazendo um desfile diferente e majestoso. Foi um desfile falando de amor.

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Após a apresentação, ficou a impressão de que o desfile foi uma celebração de tudo o que você já realizou na Givenchy, inclusive com influências da sua experiência com a alta-costura e a moda masculina. O que você aprendeu nessa última década trabalhando na maison?

Aprendi sobre o amor, que é a coisa mais importante na minha vida, pois não tem preço. O amor não vê cor da pele ou diferentes opções sexuais. Ele é simplesmente algo que não se pode controlar, que vem do coração, e não da cabeça.

Pelas fotos que você posta em suas redes, principalmente no Instagram (@riccardotisci17), percebe-se que a sua família é muito importante. Qual é o seu papel no ambiente familiar?

Eu sou o caçula de oito irmãs. Tive uma infância muito difícil, mas não a trocaria por nada nesse mundo. Comecei a trabalhar muito novo, tentando proteger a minha mãe e as minhas irmãs. Então, quando eu tinha 17 anos, senti que precisava fazer algo da minha vida que ajudasse a expressar quem eu sou. Lutei para me tornar alguém mais apto para cuidar da minha família. Apesar desse papel e de toda essa força, eu sou o mais novo, o que me torna um bebê na visão delas. Eu sou como uma criança que nunca cresceu.

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