Um dos desfiles mais famosos e comentados nos anos 2000, o Victoria’s Secrets Fashion Show vai voltar a acontecer no dia 15 de outubro. Entretanto, após tantas polêmicas sobre a marca, nos resta saber: quem estaria ansioso para esse retorno na moda? Segundo Carol Garcia, especialista em moda e estilo, “honestamente, nenhuma expectativa”.
O show, sem exageros no nome, contava com as modelos mais requisitadas da época desfilando apenas de lingeries, além das famosas asas – por isso eram chamadas de Angels. O evento contava com apresentações musicais de grandes cantores, como Justin Timberlake, Rihanna, Taylor Swift e outros, além de uma primeira fila sempre recheada de famosos.
Não só o desfile está voltando, mas toda a estética que o envolvia também. As modelos supermagras eram o padrão de beleza do momento e estão voltando a ser. Inclusive, abordamos em CLAUDIA a discussão: será que ser magra é algo apenas para ricos?
Recentemente, a influenciadora Vanessa Lopes inspirou-se no look usado pelas Angels: calça jeans skinny e baby-T branca, para ir ao Rock in Rio. Mas porque será que esse ideal de beleza e corpo tão difícil de ser alcançado está voltando? Será que todos os avanços conquistados foram em vão?
Da ascensão ao declínio do evento
O Victoria’s Secrets Fashion Show começou a ser transmitido em 1995 e se tornou um marco da cultura pop, muito comentado e assistido todos anos em seu início. A alta audiência aumentou o faturamento da marca, que passou a investir ano após ano em mais luxo para atrair os olhos do mundo.
Naquele momento, grandes nomes da moda mundial passaram pela sua passarela, como Naomi Campbell, Gisele Bundchen, Adriana Lima, Tyra Banks e muitas outras. Com contratos milionários, algumas delas ganharam grande projeção por conta do evento, e se tornaram nomes marcantes para a marca.
Porém, em 2019 o show foi cancelado. A empresa matriz da marca, a LBrands, afirmou que era importante evoluir sua estratégia de marketing. Realmente, ela precisava de uma mudança. Em 2001, o evento contou com 12,4 milhões de telespectadores. Enquanto em 2018 chegou a 3,27 milhões. Essa queda na audiência foi um dos fatores que influenciou no cancelamento do evento anual.
Juntamente esse declínio, a marca se envolveu em várias polêmicas. Ela começou a ser considerada sexista e pouco diversa. Em 2018, o então diretor de marketing da marca, Ed Razek, afirmou que a VS não deveria ter modelos trans. A declaração gerou críticas, e Ed teve de se desculpar.
A falta de inclusão de corpos era a principal reclamação. Na época do movimento #MeToo, conhecido com uma onde de denúncias de assédio na indústria, ficaram impossíveis de ignorar. A marca insistia em desfilar apenas modelos altas e magras, enquanto o papo sobre inclusão de corpos e tamanhos ganhava força.
Carol Garcia afirma que isso fez com que todo mundo, dos especialistas da indústria até o público, se perguntasse: por que a Victoria’s Secret não colocava na passarela modelos que refletiam quem realmente comprava as peças?
Mas porque a nova geração clama pelo retorno do Show?
Desde o fim dos desfiles, a marca passou por um processo de reestruturação e rebranding. Eles ampliaram o casting de modelos nos catálogos e nas lojas e lançaram o “VS Collective” – um grupo de porta-vozes com o objetivo de mostrar que a marca estava mudando sua imagem. “Mas, infelizmente, acredito que o movimento #MeToo esfriou, assim como a pauta da diversidade”, acredita Carol. “Basta ver como os desfiles internacionais voltaram a exigir modelos magérrimas – e só isso.”
“Com a febre do Ozempic, muitas celebridades perderam peso rapidamente, e a magreza voltou a ser (se é que algum dia deixou de ser) um objeto de desejo”. Mesmo que exista a promessa de o retorno ser de maior inclusão, no momento atual a discussão sobre diversidade de corpos parece ter esfriado.
“Acho que, infelizmente, veremos mais do mesmo”, declara Carol. “Seria incrível se a Victoria’s Secret, uma marca de lingerie com tanto apelo e que, de fato, oferece uma boa variedade de tamanhos maiores, conseguisse criar uma narrativa de desejo que incluísse corpos e belezas diversas, mantendo essa discussão viva”, finaliza a especialista.
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