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O olhar autoral da fotógrafa Joojlia para a vida e a moda

Com 22 anos, Joojlia quer fazer barulho com sua arte e não tem medo de incomodar

Por Jonathan Pereira
Atualizado em 14 ago 2024, 18h29 - Publicado em 14 ago 2024, 17h00
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  • Moda, arte e música costumam se misturar no trabalho de Joojlia — apelido da fotógrafa Júlia Carolina, de 22 anos, que compartilha um pouco do seu dia a dia na Vila Ema, Zona Leste de São Paulo, no perfil @wast3lands.

    Dona do brechó virtual “Desperdício de roupas” (sim, o nome provocativo é proposital), ela vem chamando a atenção por seu olhar autoral para o cotidiano e as tendências de roupas, acessórios e beleza na periferia. Os looks estão no @desperdiciod3roupas.

    O interesse de Joojlia por arte vem dos pais, que gostavam de registrar momentos com a câmera analógica. Ao experimentar e ver que o conteúdo que postava como hobby agradava, decidiu levar o talento a sério.

    É nas ruas que a jovem gosta de fotografar, ouvindo música para atiçar a criatividade e imaginação — suas influências passam pelo Cinema Novo, o tropicalismo, o pintor e escultor Hélio Oiticica e a MPB, o hip hop, o funk e a música preta.

    “Eu não me imaginava sendo artista. Sou uma pessoa preta de classe baixa, e o audiovisual e a fotografia sempre dão a entender que não são lugares para pessoas como eu. Há a falta de acesso principalmente a equipamentos e materiais, que são muito caros. É uma área muito elitizada, assim como o cinema e a arte em geral”, avalia.

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    Seu olhar ajuda também a valorizar a moda periférica, garimpando peças para seu brechó — que surgiu como uma necessidade durante a pandemia — e valorizando as marcas que agradam quem vive nesses locais.

    “Acho peças incríveis, realmente vintage e com valor histórico, que podem ser ressignificadas fazendo um upcycling. Sempre disseram que a moda é para pessoas com dinheiro. É muito legal ver gente da periferia se vestindo da forma que quer, sendo estilosa, alcançando novos lugares com a moda periférica.”

    A fotógrafa comemora o espaço que vem conquistando. “Ainda é muito difícil ver tanto quanto eu gostaria pessoas semelhantes a mim no audiovisual e na fotografia, mas é muito legal se infiltrar nesses lugares, mostrar que sim, são para pessoas como eu. Gosto de fazer barulho com a minha arte, incomodar mesmo.” Uma atitude revigorante.

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