Desde 1995 a marca de lingeries Victoria’s Secret promovia um desfile de moda anual, que era um grande evento. Em 1999 o “Victoria’s Secret Fashion Show” começou a ser transmitido pela televisão e reunia dezenas de modelos, vestidas com poucas roupas e muitos acessórios, desfilando sensualmente ao som dos artistas do momento.
De Stephanie Seymour até Winnie Harlow, praticamente todas as supermodelos passaram por lá, inclusive muitas, muitas brasileiras: Gisele Bündchen, Adriana Lima, Isabeli Fontana, Izabel Goulart, Alessandra Ambrosio… a lista é longa. Por desfilarem com asas nas costas, essas mulheres eram chamadas de “angels”, ou, em português, “anjos” da Victoria’s Secret.
Pois bem: em uma entrevista para o jornal Daily Telegraph da Austrália, a modelo Shanina Shaik, que desde 2011 já havia desfilado para a marca por cinco vezes, anunciou que, em 2019, o tal desfile não irá acontecer.
O pico de audiência do desfile da Victoria’s Secret foi em 2010, com 10,4 milhões de telespectadores. Desde então, a audiência foi caindo ano após ano, chegando a apenas 3.2 milhões em 2018 – a menor audiência da história do evento.
Em maio deste ano, a presidente da L Brands, empresa dona da Victoria’s Secret, anunciou em um comunicado interno que as coisas iriam mudar. Não havia ficado claro que isso significava que o desfile iria acabar, mas sim que não seria mais transmitido pela televisão.
E isso nos faz questionar: será que, em 2019, ainda faz sentido um desfile de mulheres seminuas com asinhas de anjo, todas com corpos esculturais e cabelão?
Em 2018 o desfile já foi repleto de polêmicas. Ed Razek, diretor de marketing da L Brands deu declarações transfóbicas, afirmando que “o desfile é uma fantasia” e que, por isso, mulheres trans não teriam espaço no show. Também afirmou que ninguém tinha interesse em plus sizes no desfile. Claro que as declarações dele pegaram muito mal – até a cantora Halsey, contratada para se apresentar como atração musical do desfile, criticou o que Razek disse.
Em um mundo que cada vez mais celebra a diversidade, já era hora, mesmo, do desfile da Victoria’s Secret acabar – pelo menos do jeito que ele era. E, embora a empresa não fale abertamente o que pretende mudar, a gente fica na torcida para que tenham mais corpos diversos na passarela – de diferentes gêneros, formatos, tamanhos, raças…