“A moda é elitista, tive que compensar a falta de acesso”
À frente da Artemisi, a estilista Mayari Jubini fala sobre sua trajetória e como foi vestir Katy Perry e Demi Lovato
Mayari Jubini foi levada por um impulso: descobriu muito cedo que a moda seria seu destino. Não tinha pai, mãe ou qualquer familiar no setor para facilitar o caminho das pedras, mas herdou a determinação necessária para ultrapassar cada obstáculo como se nada fosse. Fundou a Artemisi, vestiu celebridades como Demi Lovato e Katy Perry e criou um nome na moda.
A trajetória de Mayari Jubini
A estilista entrou para o mundo das responsabilidades ainda na adolescência, quando começou a trabalhar, e não foi na área para a qual tinha verdadeiro talento. “Trabalhava para ganhar dinheiro”, conta em entrevista à CLAUDIA.
Foi chegar na moda aos 17 anos, com um cargo de vendedora. Não demorou muito para oferecer suas criações à dona do estabelecimento. “Disse que sabia criar, sempre fui muito audaciosa, sabia que era isso que eu queria. Fiz o desenho na hora e ela adorou, acabamos confeccionando os vestidos.”
Mas essa coragem não é à toa. “Qual pai e mãe sem dinheiro vai querer que o filho tente a moda? Nenhum, mas os meus sempre me apoiaram.” Sua maior inspiração, inclusive, é a figura paterna.
“Meu pai fez de tudo para que a gente pudesse estudar, criando dívidas e tendo sacrifícios. Eu vi de perto o quanto ele lutou, e isso me deu ainda mais determinação para mudar a nossa realidade.” Se ela não duvidava de seu trabalho, aliás, é porque antes seu pai acreditou. “Eu e meu irmão éramos a esperança do meu pai. Ele via em nós a chance de um futuro diferente.”
Mayari fez faculdade de moda no Espírito Santos e, tempos mais tarde, decidiu se mudar para São Paulo em busca de oportunidades. Seu pai tinha falecido em 2019 e ela queria ajudar a mãe a pagar as contas. A saída foi criar sua própria marca de roupas.
Como criou a Artemisi e por que não desistiu com os obstáculos
Mas a coragem não tornou o caminho mais fácil. “Foi um dos maiores desafios da minha vida. Meu pai havia falecido, e a moda não é oferecida a meninas como eu. O contexto era extremamente difícil, não havia acesso, nem recursos. Lembro que, no começo, eu ia fazer uma peça de roupa e não tinha como comprar o rolo de tecido. Alguém pedia, eu ia na loja, comprava, e depois voltava para fazer mais.”
Quando perguntada por que nunca desistiu, Mayari responde rapidamente: “Nunca tive outra escolha. Ou fazia dar certo, ou fazia dar certo. Não havia outra opção.“ A artista sempre sobre que estava na direção certa. “Jamais duvidei que me tornaria estilista, mesmo com o cenário ao meu redor desestimulando essa escolha. Nem passava pela minha cabeça desistir.” Em pouco tempo ela já estava vestindo celebridades.
Mayari reconhece a importância de sua confiança para alcançar o sucesso. “Se não fosse minha persistência no meu talento, talvez não tivesse chegado até aqui. Nunca tive dúvidas de que a criação faz parte de quem sou. E essa certeza foi essencial para enfrentar as dificuldades, porque não foram poucas. A moda é um meio elitista, e eu tive que correr cinco vezes mais para compensar a falta de acesso. Trabalhei duro para criar minha marca”, disse ela.
O sucesso internacional da Artemisi
Hoje ela colhe os louros de seu trabalho. Famosas como Katy Perry e Demi Lovato já usaram suas peças. “Nunca imaginei que vestiria essas artistas. Não sabia que chegaria tão longe, mas sabia que faria aquilo acontecer, de uma forma ou de outra. Sempre foi algo que eu quis muito.”
Não há como negar: alcançar essas celebridades é resultado de um trabalho singular, significativo, original. “Minhas peças têm personalidade própria; elas falam por si só, atravessa barreiras.” E isso vem de estudo, talento, técnica e pesquisa.
“Desenvolvo processos únicos, como a impressão 3D que uso em algumas peças, e que comecei a trabalhar ainda na faculdade. Nada é por acaso; tudo tem uma razão. Eu nunca faço um look ‘fraco’. Se for para fazer algo que não impressiona, prefiro nem fazer.”
Mas o sucesso traz consigo um lado sombrio, como os plágios. “Ver a cópia dos meus designs cria um misto de sentimentos. Por um lado, é sinal de sucesso, mas por outro, é triste. Eu criei aquilo, é algo meu, então, é decepcionante ver alguém copiar. Mas entendo que faz parte, e tento não me abalar muito com isso.” A maturidade com que leva todos os altos e baixos mostra por que ela chegou onde chegou.
Agora, a estilista traz sua nova coleção na SPFW N58, nesta quinta-feira (17), e as expectativas para um trabalho que continue mostrando o poder da moda nacional são altas. Além disso, o desejo é que outras mulheres como Mayari cheguem ao topo.
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