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Karoline Vitto traz a diversidade à Milan Fashion Week

A designer brasileira, que reside em Londres, estreia na Fashion Week italiana com apoio da Dolce & Gabbana

Por Raíssa Basílio
Atualizado em 22 abr 2024, 21h50 - Publicado em 24 set 2023, 08h20
Estilista Karoline Vitto leva a autenticidade brasileira à Milão (Support By Dolce&Gabbana/Divulgação)
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A Semana de Moda de Milão chega ao fim hoje (24), e para fechar com chave de ouro, temos a estreia da brasileira Karoline Vitto, com o apoio da Dolce & Gabbana. A estilista brasileira, residente em Londres, está causando impacto na moda ao criar coleções que celebram os corpos reais. Vitto já participou da Fashion Week de Londres e chega agora à Itália com sua nova coleção, apoiada pelo projeto Supported by Dolce & Gabbana. K

Natural de Caçador, Santa Catarina, Karoline reside em Londres desde 2016, onde concluiu uma pós-graduação na Central Saint Martins e um mestrado no Royal College of Art, ambos na área de moda. A estilista conversou com a gente sobre a linha que vai apresentar na Fashion Week de Milão e de sua vontade de trazer a marca para o Brasil.

“Nessa coleção, a gente trabalha com materiais de arquivo Dolce & Gabbana. Tecidos de coleções anteriores deles e do estoque. Nós queríamos fazer uma homenagem, já que estamos recebendo todo esse suporte. Essa linha tem algumas referências da coleção de verão da Dolce & Gabanna de 1992, que foi o ano em que eu nasci”, conta.

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Letticia Munniz usa Karoline Vitto em ensaio à Revista CLAUDIA (Fernanda Pompermayer/Reprodução)

“Eu queria trazer o lado autoral, no sentido que eu me identifico como mulher e qual é a identidade que eu estou buscando, que brinca com o que é a identidade da mulher italiana aos olhos de uma mulher brasileira. Pegamos um pouco dessas referências. É uma musa brasileira que caminha na Itália e uma italiana que caminha pelo Brasil, é uma mistura de referências assim, com alguns dos códigos de identidade da marca”, completa. “Vamos trazer algumas linguagens novas em relação aos produtos também, nós vamos ter estampas, tricô e os metais nossos também vão estar presentes em outros formatos”, completa.

A designer conta que essa é sua estreia solo em uma semana de moda. Quando levou sua coleção para o desfile em Londres, ela contava com o apoio da incubadora Fashion West, junto com mais duas marcas. É primeira vez que seu nome aparece solo na programação. “Isso leva a marca para um outro patamar e estamos há um passo a mais, nos posicionando no sentido de estabelecer a identidade da marca no mercado. Com certeza vai ser uma experiência diferente para nós, em relação também ao suporte que a gente tem recebido.”

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Desfile de Karoline Vitto na London Fashion Week, em 2022. (Ana Flores/Reprodução)

O Supported by Dolce & Gabbana é um projeto em que a grife italiana oferece um amplo suporte a jovens marcas de moda. Esse apoio abrange todos os aspectos necessários, incluindo a produção do desfile na Milan Fashion Week, equipe de produção, maquiadores, cabeleireiros, modelos, estilistas, além de fornecer recursos no ateliê, como materiais, tecidos e aviamentos. A Dolce & Gabbana também oferece conhecimento técnico, assistência de imprensa e suporte de marketing, criando uma abordagem abrangente para ajudar as marcas a alcançarem todo o seu potencial. Até o momento, essa iniciativa beneficiou três marcas: Miss Sohee, Matty Bovan e Tomo Koizumi.

Isso tem nos ajudado muito, tem feito muita diferença. Somos a quarta marca a passar por esse programa, que dura uma temporada. A gente faz um desfile e isso dá uma projeção para que a gente possa caminhar um pouco mais com as nossas próprias pernas”, conta a estilista.

O desfile de Karoline Vitto abre o último dia da Fashion Week italiana. “Temos um projeto muito mais completo. Eu sempre vi minhas coleções mais recentes como uma trilogia. Tivemos o verão 2023, inverno 2023 e, agora, o verão 2024. Desde o início eu sempre vi essas três coleções se completando. Esse vai ser o passo final para essa completude. Existe a finalização dessa visão.”

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Karoline conta que o convite para participar do programa veio de Katie Grand, estilista, diretora criativa e jornalista de moda britânica. “Ela é fundadora da Perfect Magazine, e faz um trabalho maravilhoso, incrível. Katie me mandou uma mensagem no Instagram e pediu meu número. Nos falamos por telefone e ela me fez o convite. Foi ela que mostrou meu trabalho para Dolce & Gabbana e foi daí que o convite surgiu e ela me deu essa notícia. Eu não estava esperando e foi bem surpreendente. Eu falei para Katie que estava sem palavras, eu nem sabia o que dizer. Ela me disse: ‘essa é a boa notícia, bom fim de semana’.”

O trabalho de Karoline Vitto tem ganho muita força no exterior, especialmente por um importante diferencial: a diversidade. A moda tem passado por um cenário de mudanças no que diz respeito à inclusão, e o DNA da label criada pela brasileira vem atrelado a isso. “Eu posso contar nos dedos a quantidade de peças que eu fiz no tamanho 38, a gente nunca faz samples nesse tamanho. Dentro da marca, trabalhamos com o 12, que seria 42 no Brasil, o 16, que seria o 46, e o 20, que seria o tamanho 50. Essa é a nossa mulher, digamos assim, é o corpo que a gente costuma vestir e trabalhar. Tudo aconteceu muito naturalmente aqui na nossa criação”, recorda. A equipe de Karolina, formada toda por mulheres, usa as peças criadas. Existe melhor teste do que esse?!

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O desfile da última coleção da label, apresentada na London Fashion Week, foi eleito o mais inclusivo. (Ana Flores/Divulgação)

Temos corpos, proporções e estilos diferentes. A gente quer muito que as peças funcionem também para a gente, sabe? Quando eu comecei a trabalhar e a estudar moda, havia muito esse distanciamento entre as suas criações e o que você usava. Tem uma frase que um professor falou para mim que ficou na minha cabeça, e eu uso ela até hoje que é ‘você cria para o olhar do outro ou para ou para o usuário?’. Para mim, isso sempre alimentou a marca, a gente cria para o usuário mesmo, para que a pessoa consiga vestir, para que seja funcional e atenda as necessidades que o corpo tem. Essa narrativa sobre a inclusão não é uma bandeira que a gente precisa levantar, ela nasceu junto com a marca. A gente fica muito feliz pelo reconhecimento como uma marca inclusiva.”

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O desfile da última coleção da label, apresentada na London Fashion Week, aliás, foi eleito o mais inclusivo pela Vogue Business. Nenhuma modelo que desfilou pela marca era manequim 38. “Nossos tamanhos começaram no 40 e foram até o 50. Temos esse objetivo da peça se adequar ao corpo e não o contrário”, ressalta Karoline.

A abordagem da marca é centrada na sensualidade, que é vista como algo sensorial e não convencional. As peças podem ser minimalistas, mas muitas vezes apresentam detalhes não tradicionais, como recortes incomuns ou elementos metálicos. “As nossas roupas são focadas em elevar essas áreas do corpo que nós somos condicionados a vida inteira a esconder. É para propor uma nova forma de ver o corpo de e a sentir também”, ressalta.

Um desejo futuro da estilista é trazer a marca para seu país. “Eu tenho muita vontade de levar a marca pro Brasil. Eu não tenho um plano 100% fixo, mas espero que eu possa começar articular isso no ano que vem. É um desejo muito grande. É interessante até fazer o caminho inverso, porque a marca teve uma exposição grande aqui fora, mas no Brasil talvez não seja tão conhecida ainda. Seria muito interessante voltar à casa “, aponta.

A sustentabilidade é outro pilar de Karoline Vitto. A cada temporada, a marca procura inovar, e, na temporada anterior, cerca de 90% das peças foram confeccionadas a partir de tecidos excedentes da indústria têxtil que outras marcas optaram por não utilizar. Agora, como a estilista explicou acima, a linha nova usa materiais de arquivo da Dolce & Gabbana.

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A estreia de Karoline Vitto na Semana de Moda de Milão marca um momento importante em sua carreira, destacando sua abordagem inovadora que incorpora sustentabilidade, inclusão e inovação. Essa estreia não apenas consolida seu nome no cenário internacional da moda, como também representa uma contribuição significativa para a promoção de uma moda mais inclusiva e consciente.

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