Juliana Ferraz, mais conhecida como Ju Ferraz, é uma empresária, influenciadora, comunicadora, e muitas outras nomenclaturas, com uma persona multifacetada. Natural de Salvador, atua como sócia na Holding Clube, liderando a divisão de negócios desde 2018, e também apoia projetos como o Evento B.O.D.Y, que fala sobre o universo feminino, abordando corpo positivo, autoestima, liberdade emocional, financeira e muito mais.
Voz ativa para a valorização da autoestima feminina, ela promove o bem-estar feminino falando de corpo e mente, outro ponto muitíssimo importante que às vezes negligenciamos em uma rotina agitada e atarefada.
Neste mês de dezembro, Ju é a estrela da campanha de Natal da Loungerie e conversou com a CLAUDIA sobre aceitação, burnout e representatividade.
A jornalista já começa nosso papo destacando a importância da representatividade em campanhas de lingerie e sua ligação com a autoimagem e a confiança das mulheres.
“Se eu tivesse tido representatividade em campanhas de lingerie, como hoje, provavelmente eu teria menos traumas, medos e angústias. A falta de a gente se enxergar e não falar sobre temas como corpo livre faz com que a gente não tenha clareza, não se sinta representado ou não se sinta capaz.”
Ju Ferraz e a representatividade
Ela conta que prioriza mostrar que todas as mulheres são capazes e podem realizar o que desejam. “A capacidade de a gente ser quem a gente é através do nosso corpo, através da nossa alma, através da nossa fala. É sobre isso!”, pontua. Ju Ferraz conta que realizar a campanha a tirou de uma zona de conforto.
“Foi um desafio, porque por mais que eu fale disso todos os dias, mostrar o meu corpo e me mostrar de uma forma diferente, lá no fundo, me gera um pouco de insegurança. Mas eu costumo dizer que a gente precisa quebrar os medos e se valorizar, porque também já não é mais sobre mim, é sobre todas as outras mulheres”, completa.
“Eu espero que as jovens meninas, as próximas gerações, vejam muitas mulheres como eu em campanhas de Natal como essa, e se sintam representadas, capazes, poderosas e potentes para serem e se mostrarem como elas quiserem.”
Sabemos que lingeries têm uma ligação direta com autoestima e é importante vermos corpos reais exibindo esse tipo de peça. “É o primeiro encontro da gente com a gente mesma, é o contato mais íntimo”, ressalta Ju Ferraz.
“São itens que têm um papel muito importante de valorização e de conexão com a nossa autoestima.”
Diversidade na moda
Ju também toca em outro ponto, sobre quando a diversidade é tratada como algo “fora de moda”. Na mais recente temporada de desfiles internacionais, vimos que as modelos fora do padrão perderam o território em grandes marcas, o que dá essa impressão de que body positive é algo passageiro, last season.
“A diversidade é uma realidade, a diversidade é uma verdade. Ninguém é igual a ninguém. Só gêmeos, mas com características comportamentais completamente diferentes. Então, a moda não enxerga a importância da diversidade, porque ela não entendeu a capacidade e a importância da representatividade”, discorre ela.
“É algo que está ligado diretamente à potência econômica, porque quando um consumidor se enxerga numa passarela de moda, ele se conecta diretamente com a marca. Então, além de ser um retrocesso, é uma falta de visão de negócio”, completa.
“A diversidade está presente em todos nós e é por isso que eu luto todos os dias para que as pessoas entendam a importância do corpo livre e mais do que isso. Para que as pessoas entendam verdadeiramente o poder de a gente ser quem a gente é”, conclui a comunicadora.
É preciso cuidar da saúde mental como cuidamos do corpo
Para além de ser um grande nome em busca de corpos reais e uma personalidade que agrega mil e uma funções, a comunicadora se esforça diariamente para desempenhar o melhor papel e ser a melhor versão de si mesma.
Reconhece que nem sempre é viável atingir esse objetivo e, quando isso acontece, utiliza os erros como aprendizado, compreendendo como reorganizar a rota para seguir adiante.
“Eu tento, da melhor maneira possível, me organizar para que eu consiga fazer da melhor maneira as minhas funções de empreendedora, empresária, influenciadora, palestrante, jornalista, o que quer que seja, mas eu costumo dizer que é uma tentativa. Às vezes dá muito certo, às vezes dá muito errado e eu acredito que é assim a vida. Nós não somos perfeitos, nós somos vulneráveis e está tudo bem”, conta Ju.
Ju Ferraz tem uma carreira de sucesso, mas ao longo do trajeto enfrentou burnouts, algo que tem se tornado cada vez mais comum – principalmente entre as mulheres. Pegando o gancho no tópico vulnerabilidade, ela conta que essa foi uma das fases mais difíceis de sua vida, mas acabou sendo um ponto de virada crucial.
“O burnout, apesar de ter sido um dos piores momentos da minha vida, me salvou. Ele me ensinou que eu precisaria me priorizar, que eu precisaria respirar, que eu precisaria saber parar”, reflete. Afinal, estamos falando de uma condição complexa que afeta milhares de brasileiros. “É uma doença bem complicada.”
“A verdade é que a gente precisa falar de saúde mental e tratar com toda prioridade que a gente trata de saúde física. O burnout é uma realidade, os problemas de saúde mental são uma realidade e o que eu posso te dizer é que a partir do momento que eu fui parada pelo burnout, eu precisei renascer. Esse renascimento vem com muito conhecimento e com muito cuidado para que eu não me atropele novamente.”
Sem dúvidas, Ju Ferraz é uma influenciadora que, de fato, consegue abrir a nossa mente para tópicos importantes. Além de defensora da autoestima feminina, representatividade e saúde mental, ela é uma voz influente na quebra de tabus sobre o corpo e na promoção da diversidade na moda e na sociedade.
Muito além de corpo, falar de mente se faz também necessário, e precisamos de comunicadores trazendo experiências à tona. Precisamos cuidar da saúde mental para que o corpo permaneça pleno, da mesma forma que falar de diversidade não deveria ser algo novo, e sim a base de grandes marcas, sejam de moda ou beleza.