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Fuzzy effect: a polêmica tendência está de volta

Tecido mohair (e suas versões sintéticas) estão de volta depois de surgir no TikTok e coleções de grifes

Por Lorraine Moreira
30 nov 2022, 08h59
fuzzy effect
Roupas com pelinhos macios estão de volta, mas cuidado para não cair no erro da crueldade animal! (Reprodução/Pinterest)
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A moda não para nem quando o ano está prestes a chegar ao fim. Depois de trazer de volta as calças de cintura baixa, o rosa boneca e até os crocs, agora é a vez de ressuscitar os tecidos com pelinhos, com a chamada tendência fuzzy effect. Mesmo que você ainda não tenha notado este retorno, é provável que logo comece a encontrar peças aqui e ali, afinal, as trends surgem “como inovação a partir de macrotendências de comportamento e de consumo. Por isso, aparecem primeiro nas pontas mais vistas da sociedade, como artistas, famosos, influenciados e só depois é aceito pela grande massa”, segundo  a consultora de moda e estilo Bruna Gindro.

O que é fuzzy effect?

O fuzzy effect é a tendência do tecido mohair, que é uma fibra natural de textura felpuda, feito do pelo de cabra de angorá. Ele foi popularizado durante a década de 1970, quando as pessoas o utilizavam em blusas despojadas. Há pouco tempo, a estética ganhou força e voltou a aparecer nos guarda-roupas de quem gosta do desfiado.

Embora o filme Paris Texas (1984) tenha popularizado o uso, as contraculturas, em anos anteriores ou posteriores, beberam da mesma fonte. Nos anos 1970, o movimento punk já fazia uso da peça. Depois foi a vez dos hippies, com cardigans, e dos grunges, nos anos 1990.

Em 2019, o designer Francesco Rizzo Marni, fez parte da sua coleção masculina para a Marni com o mohair. Longe das passarelas, os famosos e fashionistas utilizam com certa frequência, exemplo disso são Hailey Bieber, João Guilherme e Nong Rak.

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Não está só no Tiktok!

Para a consultora, as tendências surgem por meio de marcas, estilistas, celebridades, influenciadores e até mesmo das redes sociais, como o Tiktok – que foi o responsável por trazer de volta o fuzzy effect. “A disseminação de conteúdos que privilegiem o uso de determinada peça repetidamente faz com que os consumidores comecem a aderir as vestes em seus guarda-roupas para ‘entrar na moda’”, explica. 

Existem casos em que as trends são questionadas, pois ficam restritas à internet. Mas esse não é o caso da fuzzy effect: na verdade ela é celebrada por marcas como Aimé Leon Dore, que fez cardigans e suéteres, e ERL, que apostou em colorir mais o material. Cherry e Home Phuangfueang, da Nong Rak, apareceram com o tricô manual feito com resíduos de fios de mohair para criar buckets, gorros, luvas, vestidos e biquínis. Saint Laurent, Fendi, Raf Simons, Ricks Owens e a Bottega Veneta ‒ que apareceu com o tecido em sua última coleção de resort -também já apostaram. 

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Fuzzy effect x crueldade animal

Em 2018, a ONG People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, em tradução livre, fez uma denúncia de casos de maus tratos de animais depois de ter acesso a um vídeo da produção da lã. As imagens são registros feitos entre janeiro e fevereiro do mesmo ano, em 12 fazendas da África do Sul ‒ segundo dados da PETA, cerca de 50% da lã é produzida lá.

Na gravação, os animais são arrastados e carregados pelos chifres, pernas ou caudas, e o pelo é cortado enquanto eles são segurados pelo rabo. Também há um abatedouro, onde alguns homens arrancaram a pele de um animal e depois o esfaqueiam. As cabras sobreviventes ficaram expostas ao vento e chuva, mesmo sem o pelo de proteção, e convivem com feridas abertas e suturas feitas sem anestesia.

Segundo o The Washington Post, “os investigadores afirmaram que os animais às vezes eram até mortos depois da retirada dos pelos. Em uma fazenda, um trabalhador cortava a garganta das cabras conscientes com uma faca, e então quebrava seus pescoços.”

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Durante o escândalo, os agricultores confessaram que muitos animais morriam depois de tosados. Só em um final de semana, de acordo com a ONG, 40 mil animais morreram. Os bichos que não serviam comercialmente eram mortos por meio de métodos cruéis, como mutilação e choque em seus corpos.

A propagação da notícia forçou empresas relacionadas ao mercado de lã mohair a se posicionarem contra as práticas, e muitas delas suspenderam o uso do tecido. Caso da Gap Inc, que deixou de fornecer produtos feitos com o material para Old Navy, Banana Republic, Athleta e outras marcas. Marcas populares, como Zara e GAP, trocaram a lã pela fibra sintética. 

Bruna acredita que a indústria da moda tem se preocupado com a conscientização ambiental, por isso “pode ocorrer uma troca da fibra natural por uma sintética na fabricação do tecido, assim como a Zara fez. A internet, inclusive, colabora para que a sociedade vigie essas marcas, o que pode levar a melhores decisões.” Por isso, a dica, caso queira aderir, é buscar por estas versões, que também são mais acessíveis.

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