Fim de uma era? Gucci não participará mais dos desfiles nas temporadas
Marca abandona o calendário tradicional da moda e anuncia que a partir de agora fará apenas dois desfiles por ano
E mais uma marca de luxo anuncia que vai abandonar o calendário oficial das estações definidas na moda. Desta vez foi a Gucci, que declarou neste domingo (24) que fará apenas dois desfiles por ano, sem se prender mais à sazonalidade.
Alessandro Michele, diretor criativo da grife, comunicou a mudança na conta oficial do Instagram. “Abandonarei o ritual desgastado das sazonalidades e shows para recuperar uma nova cadência, mais próxima da minha ligação expressiva”, disse.
“Nos reuniremos apenas duas vezes por ano, para compartilhar os capítulos de uma nova história. Capítulos irregulares, alegres e absolutamente livres, que serão escritos combinando regras e gêneros, alimentando-se de novos espaços, códigos linguísticos e plataformas de comunicação”, dizia um trecho do post.
Ainda segundo a nota, Alessandro acredita que o que parecia ser tradicional na moda como cruise, pré-outono, verão e inverno ficaram para trás, além de afirmar que as marcas perderam seu significado e se desligaram da realidade. “Nós podemos construir o amanhã com uma nova personalidade”, disse.
Antes da Gucci, a marca Saint Laurent (que pertence ao mesmo grupo controlador, o Kering) anunciou medidas parecidas, no fim de abril. A grife vai pular a Paris Fashion Week em setembro, reformulando sua programação para mostrar coleções para o resto do ano, rompendo com o calendário da moda convencional.
A marca francesa havia desistido também da semana de moda masculina em Paris e informou que a atitude foi tomada em resposta às bruscas mudanças causadas pela pandemia.
O que o mundo se pergunta agora é se a decisão será seguida por outras grandes marcas. Antes mesmo da pandemia do coronavírus, grandes players do mercado como o BFC (British Fashion Council) e o CFDA (Council of Fashion Designers of America), já discutiam uma desaceleração do ritmo da moda. Os dois conselhos já se manifestaram apoiando sugestões para reparar o que eles consideram um sistema obsoleto. Os grupos reforçaram a importância da diminuição no ritmo de produção das marcas e o rearranjo das datas das coleções às lojas – propondo que sejam mais próximas da estação que se destinam.