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Armário cápsula: o que é e como montar o seu

É possível ter um guarda-roupa versátil mesmo com poucas peças

Por Raíssa Basílio
17 set 2022, 09h08
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  • A sustentabilidade tem dominado diversos setores da indústria – inclusive a moda. O “menos é mais” está aí para provar que o consumo exagerado pode ser um dos nossos maiores inimigos. E, dentro deste contexto, temos o armário cápsula, uma forma mais consciente de comprar roupas e ter uma rotina mais prática, montando muitos looks mesmo com poucas peças. 

    Quem nunca abriu o guarda-roupa e ficou com aquela sensação de não ter nada para usar? Quando temos muitas peças – e compradas de maneira aleatória, sem uma estratégia – acabamos perdendo muito tempo tentando encontrar combinações. E é exatamente isso que o armário cápsula pode deixar para trás! Para entender um pouco mais sobre o assunto conversamos com Ana Vaz, consultora, autora, docente e palestrante em imagem pessoal, moda e etiqueta, fundadora do Boutique de Cursos, e Beatrice Teizen, consultoria de imagem, estilo e coloração pessoal formada pela Belas Artes e pelo Studio Immagine. 

    O que é armário cápsula?

    Não, esse não é um conceito novo. A origem vem da década de 1970 e a criadora se chama Susie Faux. A inglesa, que era dona de uma boutique em Londres chamada Wardrobe (em português, guarda-roupa), notou que as mulheres estavam em uma busca por peças essenciais para se vestir de forma prática e elegante. Ela então cria essa concepção com base na alfaiataria masculina, que tinha poucas peças, mas intercambiáveis e com durabilidade. 

    “Essa é a primeira origem, vamos pensar assim. Neste contexto, nos anos 1970, as mulheres estavam começando a entrar no mercado de trabalho, disputando cargos de liderança. Esse conceito está muito alinhado a uma mulher mais discreta, que obedece às regras deste vestuário dentro dos padrões masculinos – que já traz poucas peças, e é mais neutro”, conta Ana Vaz.

    Atualizando a ideia, quem trouxe o armário cápsula para os dias atuais foi a blogueira Caroline Joy, dona do blog Un-Fancy, que propõe um guarda-roupa cápsula de 37 peças. “Você trabalha com essa quantidade em cada estação, que vem junto com o consumo mais sustentável, um uso da moda de uma maneira mais responsável”, completa Ana.

    Dentro desse conceito (que pode variar entre menos ou mais peças) não entram acessórios, lingeries, roupas de ginásticas e uniformes, caso você use para trabalho. “O termo surgiu para traduzir um conceito de elegância e está atrelado a essa ideia de não perder tempo pensando que não tem o vestir. Fazendo disso um processo fácil e rápido para que você aproveite seu tempo com qualidade”, completa Beatrice.

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    armário cápsula
    Vai montar seu armário cápsula? Comece separando as peças que você realmente usa. (Oscar Wong/Getty Images)

    Vantagens e desvantagens do armário cápsula

    Nem tudo são flores, então temos aqui os pontos positivos e negativos do armário cápsula. As vantagens: praticidade, economia de tempo, dinheiro e consumo responsável. Desvantagens: limitar a criatividade, maior repetição das peças e durabilidade, caso você não tenha escolhido bons tecidos.

    Como montar um armário cápsula?

    “Para quem quer montar um, a ideia seria organizar por estação. Primavera/verão você tem uma cápsula, outono/inverno você tem outra, e você pode aproveitar peças de uma estação para outra ou pode mudar completamente a sua cápsula”, explica Ana.

    O clima é sempre uma surpresa no território brasileiro. “Aqui no Brasil, as estações não são muito delimitadas, em outros países, como no hemisfério norte, é mais fácil criar um armário cápsula só para a primavera/verão e outono/inverno”, completa Beatrice.  “Neste caso, é interessante pensar em sobreposições na hora de escolher as peças para que sejam versáteis de acordo com a estação do ano”.

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    Ana Vaz pontua também que não existe necessariamente uma fórmula pronta. “Será que adianta ter um guarda-roupa cápsula que não condiz com meu gosto e rotina? É muito importante colocar em pauta se você trabalha em casa, se viaja muito, o meio de locomoção mais utilizado. Se usar mais transporte público, precisa de um sapato sempre confortável, provavelmente sem salto. Não dá para ter um armário cápsula que não seja condizente com a sua vida real.

    Também é bom investir em opções com durabilidade, o que nem sempre está atrelado ao preço. “Há produtos de muita qualidade em lojas populares, vale pesquisar por tecidos que vão durar mais. Jeans é ótimo, se você gosta e cabe na sua rotina. Diferente de uma calça de viscose, que vai se deteriorar com as lavagens. É preciso fazer escolhas de tecidos que muitas vezes você preferiria evitar”, completa Ana.

    E caso você não tenha muita afinidade com o uso das cores, vale a pena ter um número menor de peças de cores mais marcantes e um maior em neutras. Não precisa ficar só no branco, preto e cinza, existem neutros coloridos, como o verde-oliva e vinho. O mesmo funciona com estampas, explica Ana Vaz.

    Ficou confusa? A gente resume: 37 peças para verão e 37 para inverno. Para cada parte de baixo, tenha 2 partes de cima, e escolha cores e estampas que funcionem entre si.

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    Existem peças necessárias?

    “Isso pode ser um pouco polêmico, mas não acredito em peças essenciais, pois vai que eu indico uma camisa branca e a pessoa não gosta. Uma dica é pensar em roupas que você mais gosta. Cada pessoa tem seu estilo pessoal e cada um tem suas peças essenciais. Depende do objetivo do seu armário”, explica Beatrice.

    Caso a preferência seja por vestidos ou outras peças únicas, é importante pensar na versatilidade deles e no que pode ser usado em conjunto. Dá para mesclar peças clássicas com as mais modernas para explorar a criatividade.

    Se você separar o que realmente usa, muito provavelmente ali você tem uma cápsula. Claro que vai variar de acordo com a temperatura. É muito comum já ter isso montado. Normalmente a gente usa uma proporção de uma parte debaixo para duas de cima, mais peças únicas – uma receitinha que usamos em malas, que é um armário cápsula. E então você adiciona os calçados, pode pensar em uns três”, completa Ana Vaz. 

    O que fazer com peças que não quero mais?

    Você está decidida, pegou todas as suas peças e separou as que mais usa e as que nunca usa. Ok, o que fazer com o que sobrou? Doar é sempre a melhor opção. Mas Ana também indica guardar alguma que você goste muito, mesmo que não funcione com sua cápsula, assim você não deixa espaço para arrependimentos. 

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