Mudança de hábitos: Como conquistar a sua melhor versão
Descubra maneiras de alcançar a sua evolução, mas sem excesso de cobranças ou prejuízos à saúde mental
Qual é a importância que você dá para a sua vida? Dia após dia, promessas de mudanças de hábitos surgem, mas nem sempre são cumpridas ‒ é o famoso “deixa para o próximo ano”. A sensação de que um comportamento gera consequências negativas é um pedido para transformação. “Cuidar e investir esforços na pessoa mais importante deste mundo, que é você, é ter possibilidade de viver uma vida mais digna”, de acordo com a psicóloga Fernanda Ananias. Mas por onde começar? Com essa dúvida, separamos maneiras de dar início a busca pela evolução. Vamos juntas?
Durma adequadamente
O organismo aumenta a produção de melatonina e diminui os hormônios de estresse, cortisol e adrenalina durante o sono. Além disso, o descanso é importante para melhorar a memória, pois ela é processada nesse momento. Quando desregulado, ele aumenta o risco de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes, e cardiovasculares.
Leia um livro
Estimular o raciocínio, melhorar o vocabulário e aumentar o repertório são possíveis por meio da leitura. A tarefa pode ser o pontapé inicial para mudanças de hábitos e adoção de atividades que transformam seu dia.
Prática de exercícios físicos e alimentação adequada
A prática regular de exercícios melhora o humor, reduz os efeitos do estresse e aumenta sua qualidade de vida. “O corpo libera hormônios e neurotransmissores essenciais para a sensação de bem-estar depois da atividade física”, explica a psicóloga Ingrid Ribeiro. Quem se exercita, vive mais tempo e de maneira mais saudável do que pessoas sedentárias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para adultos, mesmo quem vive com doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.
“A serotonina, conhecida como o hormônio da felicidade, gera a sensação de prazer e bem-estar, regula o sono, apetite e humor”, segundo Fernanda, e é liberada durante os exercícios físicos. Junto à endorfina, tornam a pessoa mais confiante. “Teste uma semana de caminhada de 30 minutos e coloque mais verduras e frutas na sua alimentação. Você vai se sentir bem melhor consigo mesma.”
Auto-recompensa
Dar a si mesmo um pequeno deleite a cada dia é um impulso extra de felicidade e motivação. Não é necessário planejar ou esperar por isso, apenas deixe acontecer. Pode ser uma soneca de 15 minutos, uma roupa que você sempre quis ou uma massagem nos pés. A ideia de que auto-recompensa precisa ser um evento grande e raro, exclusivo para datas especiais ou momentos em que você cumpriu as suas metas, é difundida, mas nem sempre precisa ser assim. É mais saudável ganhar algo de vez em quando, com consciência de gastos e tempo, do que viver em constante privação.
Cuidado com saúde mental
“O organismo é todo interligado, não existe separação entre corpo e mente”, diz Ingrid. Por isso, não adianta abandonar uma parte ou outra. “A alimentação faz toda diferença na saúde mental, por exemplo. A baixa ingestão de vitaminas pode levar a quadros semelhantes, em alguns aspectos, a estados depressivos. Por outro lado, exercícios físicos melhoram sintomas de ansiedade e depressão, por exemplo”, completa.
“Quando algo não vai bem na nossa mente, também não vai bem na parte externa. Doenças físicas, inclusive, podem aparecer graças a falhas na saúde mental”, afirma. Buscar autoconhecimento é imprescindível, e com a psicoterapia isso pode ser solucionado. Outras práticas interessantes são meditação, ioga etc.
Descubra o que é importante para você
A verdade é que a mudança de hábitos só vem quando os comportamentos fazem sentido para o que você deseja. Para algumas pessoas, por exemplo, aprender o idioma mandarim é importante para conquistar uma promoção no emprego, enquanto para outras é melhor ler mais. A dica é se observar e traçar metas de acordo com o que seria importante para você. “A tomada de consciência é essencial para as transformações. Pense em como tem agido e, então, tome as providências”, pontua Fernanda.
Atenção com a cobrança exagerada
Conquistar o corpo perfeito, ser produtivo no trabalho, estudar com foco pleno e cultivar relações interpessoais felizes são partes do pacote de atividades incentivadas pela ortorexia psicológica, definida com a busca pelo auto-aperfeiçoamento em todas as áreas da vida. Inclusive, “ao ouvir ‘seja sua melhor versão’ é possível pensar que precisamos ser produtivos o tempo todo. O estresse, a pressão e privação de sono adoecem fisicamente e psicologicamente”, completa, e continua: “essa cobrança pode fazer com que você se distancia de você mesmo.”
Existem sinais de que você se encontra nesse lugar. “Você pode ter pensamentos exigentes em excesso, de que nada está bom e precisa sempre de mais e mais. Acha que não tem tempo para nada, sente que tem poucos momentos de lazer e que não consegue fazer qualquer coisa que não seja trabalhar.” Nesse momento, é essencial buscar ajuda psicológica para que o problema não se agrave, de acordo com a psicóloga Luana Fischer. Um alerta de Fernanda é observar “quando a ideia vem acompanhada de extremismos, e de um ‘ideal de si’, que geralmente é muito influenciado pelo ideal imposto pela sociedade, e não por aquilo que você identifica que faz parte da sua singularidade.”
Ingrid fala que “é importante buscar melhorar, mas é preciso respeitar nossos limites, pois nem sempre conseguiremos dar o nosso melhor e é necessário entender que está tudo bem. O seu melhor não é o mesmo todo dia, não se cobre tanto. ”
Não se esqueça de que ser obcecado pelo alto rendimento pode te levar a um ciclo de autocobrança excessiva que traz prejuízos para a sua saúde mental, por isso trace metas possíveis, não se sobrecarregue com tarefas e entenda que é possível alcançar o seu melhor, sem destruir sua saúde mental. A terapia auxilia nesse processo.
“Entender quem é, o que faz sentido para você e qual é seu lugar no mundo pode ser uma maneira de reduzir essa cobrança e começar a se colocar de uma maneira mais autêntica e singular, sem busca de um ‘ideal de perfeição’”, diz Luana. E termina: “saber que sua melhor versão também tem aspectos não tão positivos, e isso faz parte de aceitar por inteiro suas qualidade e feitos”.