Rodeada pela natureza desde a infância, Alice Bartholo, de 23 anos, nasceu com os pés plantados em solo fértil. Filha de agricultores de Ribeirão do Torto, no cerrado brasiliense, ela e sua família sempre estiveram envolvidos na agricultura.
“Meu pai é aquela pessoa que se dedica a desenvolver vários interesses em uma única vida. Ele já cuidou de corredores de parreiras e foi apicultor de abelhas meliponas. Sei que foi por causa dele que desenvolvi esse encanto pelo cultivo das baunilhas”, diz.
Tudo começou quando Seu Rubens decidiu abrigar em um pequeno espaço do quintal algumas mudas de uma espécie de orquídea pouco cultivada no Brasil, capaz de gerar frutos de uma variedade nativa de baunilha.
Dois anos após o plantio, as primeiras mudas fixadas no viveiro improvisado floresceram, resultando em mais de 300 flores de Vanilla pompona, popularmente conhecida como baunilha do cerrado. A abundância despertou a curiosidade e os olhos atentos de biólogos e pesquisadores da região. “Elas cresceram tanto e tão rápido que ninguém fazia ideia de como dar conta de tantos frutos.
Foi aí que meu pai decidiu eleger minha irmã e eu como as ‘abelhas’ responsáveis pela polinização manual daquele viveiro”, comenta a produtora, que também é estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília.
Para dar frutos, as flores precisam ser polinizadas individualmente em um curto período de tempo — um trabalho que geralmente é feito por abelhas, mas que ganhou a ajuda de Alice e sua irmã. Foi flor a flor que a jovem aprendeu a compartilhar com sua família um profundo sentimento de conexão, pertencimento e a transformação social possível através do ciclo da natureza, bem ali na sua casa.
“A arte do cultivo vai além da geração de renda; ela transforma a vida de pessoas que se interessam e vivem da terra, assim como eu.” Hoje, com mais de 500 pés de baunilha do cerrado e outras variedades, a família é responsável por uma curadoria de produtos artesanais feitos a partir da especiaria que cultivam.
Entre os produtos presentes no portfólio da Vale do Torto (@valedotorto) estão cachaças e licores, pastas e extratos, açúcar baunilhado e as tradicionais favas curadas e maturadas, que chegam a ser exportadas para países como a França, a casa das baunilhas na gastronomia.
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“Trabalhar com a baunilha é estar em uma atmosfera encantada. Quando estamos polinizando, existe uma conversa que não é verbal. Uma interação tão singular que chega a emocionar.”
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