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Etiqueta à mesa: 10 regras para almoços e jantares

Fernanda Britto, criadora de conteúdo e professora de etiqueta há 40 anos, traz as regras mais importantes para quaisquer ocasiões

Por Kalel Adolfo
Atualizado em 24 abr 2024, 20h52 - Publicado em 24 abr 2024, 08h54
Regras de etiqueta para almoço e jantar.
Atender o celular à mesa e criticar as opções ofertadas são atitudes extremamente rudes.  (Freepik/Freepik)
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Seguir as regras de etiqueta no momento de participar de uma refeição (seja um almoço ou um jantar) não é apenas uma forma de transmitir educação e elegância. Quando nos comportamos adequadamente à mesa, demonstramos respeito à própria história de nossa civilização.

“Na história da humanidade, passamos a ser o topo da cadeia alimentar quando finalmente nos vemos como uma equipe. Isso só foi possível a partir da comida”, explica Fernanda Britto (@fernandabrittoprotocolo), criadora de conteúdo e professora de etiqueta há mais de 40 anos.

Ela relembra que, entre as três maiores religiões monoteístas do mundo, perceberemos que os líderes desses movimentos nunca se reuniram com seus discípulos em templos, mas sim, em torno da mesa. Ela cita como exemplo Jesus, que à mesa, não pediu por orações, mas sim, que todos partilhassem o pão e o vinho.

A comida é a nossa conexão com o divino. Portanto, respeitar esse momento, essas tradições, é de alguma forma se conectar com Deus”, explica Fernanda sobre um dos motivos que tornam a etiqueta no momento da refeição tão indispensável.

Etiqueta é necessária em quaisquer ambientes

Para Fernanda, não importa se estamos comendo em uma rede de fast-food ou num hotel cinco estrelas. “O que interessa é ter consciência de que a refeição é um momento de comunhão, de se identificar com os outros. Definitivamente não é o momento para ficar mexendo no celular”, diz.

Regras de etiqueta essenciais para almoços e jantares

1. Sem celulares à mesa

A professora de etiqueta afirma que, caso você não seja médico, atender o celular em meio a uma refeição pode soar extremamente rude. “A dica é: se estivermos esperando uma ligação importante, seja por conta de um parente hospitalizado ou um filho que esteja precisando de ajuda no colégio, avise com antecedência”, indica.

Contudo, ter senso crítico para saber o que é uma ligação relevante também é essencial: “Não há necessidade alguma de interromper o almoço para atender a ligação daquela amiga que está pedindo a sua casa de campo emprestada”, brinca.

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2. Jamais critique a comida

Não é incomum que, ao comer na casa de terceiros, os convidados façam críticas à refeição. Diante deste cenário, Fernanda traz um lembrete: “Se você é meu amigo, e eu te chamo para curtir uma refeição em minha casa, não se esqueça que eu não preparei apenas um prato. Eu preparei o melhor de mim”, declara.

Portanto, a educadora nos aconselha a sempre ter em mente que a comida oferecida pelo outro, muitas vezes, é a melhor que ele pode oferecer. “Não encare a alimentação como um produto final, mas sim como um processo. O que foi servido está carregado de trabalho, de emoção, de afeto. Antes de criticar, pense em como receberia tal comentário caso a situação se invertesse.”

3. Postura adequada à mesa

Além do básico (nada de cotovelos sobre a mesa ou pés na cadeira), sente apenas onde o seu anfitrião indicar. “Jamais comece a comer antes do dono da casa”, afirma.

Uma dica importante para os anfitriões: sempre se sirva por último. “Essa é uma regra de etiqueta que diz o seguinte: a refeição foi feita para ser partilhada por todos. E quando isso acontece? Quando todos estão servidos, não antes”, relembra.

4. Dress code adequado

Segundo Fernanda, há duas maneiras básicas de interpretar o dress code de um almoço ou jantar. A primeira é analisar a qualidade do convite enviado. A segunda (e mais indicada) é perguntar diretamente ao anfitrião. “Dessa forma, não corremos o risco de cometer erros e, de repente, nos vestirmos igual ao dono do evento”, diz.

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Para as pessoas que dispensam dress code, e até mesmo acreditam que este seja um conceito retrógrado, a criadora de conteúdo propõe uma reflexão: “Por acaso você dorme de sunga e vai à praia de pijama? Toda a situação requer um dress code específico. Desrespeitá-lo é muita falta de elegância”, declara.

5. Como usar os talheres

Essa é uma das dúvidas mais comuns quando o assunto é etiqueta à mesa. E aí, qual é o lado certo de segurar os talheres? De acordo com Fernanda Britto, segura-se o garfo com a mão esquerda e a faca com a mão direita. “Os talheres não trocam de mão em circunstância alguma”, reitera.

6. Como usar a taça de vinho

O mais indicado, de acordo com a professora de etiqueta, é segurar parte da taça no bojo, e parte da taça na haste (literalmente “meio-a-meio”). “Se fosse cafona, a rainha da Inglaterra não faria”, brinca.

Agora, caso o jantar demande uma degustação de vinho, o correto é segurar a taça pela haste. “Assim, não corremos o risco de esquentar a bebida”, esclarece.

 

 

7. Assuntos inadequados na mesa

Falar de política, religião ou futebol à mesa é extremamente deselegante. “São assuntos proibidos. Quando isso acontece, jogo um assunto aleatório para fugir da conversa indelicada. Cada um com o seu qual”, afirma.

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8. Repetir o prato é feio?

Segundo Fernanda Britto, a questão não é o que comemos (ou quanto comemos), mas sim, a maneira em que fazemos isso. “Vá ao buffet todas as vezes que sentir necessidade. Coma sempre que tiver vontade. Porém, nunca se esqueça de trocar o prato a cada nova refeição”, avisa.

Não apenas essa é uma etiqueta indispensável, como também uma questão de segurança alimentar: “Ao levar um prato usado de volta ao buffet, podemos contaminar toda a comida que está sendo servida. Este, aliás, é um protocolo da OMS (Organização Mundial de Saúde)”, diz.

9. Hora da sobremesa

A sobremesa, ao contrário do prato principal, deve ser ingerida apenas uma vez. Muitos podem considerar tal norma exagerada, claro. Contudo, a criadora de conteúdo esclarece que há um motivo específico para essa regra.

“O primeiro momento na história da humanidade em que tivemos fartura de comida, na Europa, foi durante a volta das grandes navegações. Esse é o período em que Vasco da Gama consegue trazer pimenta, cravo e uma série de conservantes para estocar comida no inverno”, explica.

Contudo, a forma de estocar todos esses alimentos e especiarias, segundo a professora, era submergi-las em óleo ou banha (especialmente no caso de carnes e proteínas). Consequentemente, após os grandes jantares organizados pelo rei, os convidados saíam com um forte gosto de gordura na boca.

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A solução, então, foi servir frutas silvestres (como mirtilo, framboesa, amora e morango), que por serem ácidas, anulavam o gosto incômodo da boca dos convidados. “Portanto, meu amigo, tenha isso claro: a origem da sobremesa é tirar o gosto de gordura da boca, não encher a sua pança. Sobremesa não é para matar fome, mas sim, uma alegria destinada ao final da refeição. Agora, claro, se estiver na casa da sua avó, coma quanta sobremesa desejar”, brinca.

10. É correto se oferecer para lavar a louça?

Por fim, caso esteja na casa de um amigo ou familiar, não é indelicado se oferecer para lavar a louça. Entretanto, caso a pessoa recuse a ajuda, não pergunte uma segunda vez. “Se este é o hábito daquele lar, assunto encerrado. Uma alternativa interessante pode ser tirar os pratos da mesa e levá-los até a cozinha. Desse jeito, ninguém se ofende”, conclui.

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