“Eu me cobri com o lençol, era como se soubesse que algo ruim aconteceria”
A leitora Valéria* foi abusada no sítio de um amigo da família por esse homem. Ela nunca contou para ninguém da violência sofrida
“Nunca contei a ninguém o episódio a seguir. Nem sei porque estou escrevendo sobre isso, mas, se for para me libertar dessa imagem, que seja agora.
Meus pais sempre foram evangélicos, viam o melhor nas pessoas, acreditavam em suas boas intenções. Um dia, um conhecido da minha mãe e sua esposa vieram em casa. Ele era um homem de 45 anos. Ficaram lá um tempo, conversaram. Em certa altura, a mulher do sujeito convidou meus pais para conhecer o sítio deles.
Fomos e tudo correu ótimo. Estávamos todos nos divertindo. Quando chegou o dia de ir embora, a esposa desse senhor perguntou para os meus pais se eu não poderia ficar lá ou um de meus irmãos, assim a gente se divertiria mais. Meu pai me perguntou se eu gostaria de ficar e eu respondi que sim.
Eu tinha uns 10 anos na época. O dia foi muito bom e à noite dormi na cama com a esposa desse homem. Ele foi dormir na rede. De manhã, ela se levantou e eu fiquei na cama. De repente, senti alguém se deitar ao meu lado e vi que era o homem. Cobri meu corpo até a cabeça com um lençol, como se eu já sentisse que aquilo não era bom.
Ele começou a passar a mão no meu corpo, nas minhas partes íntimas, nos meus seios. Eu lembro do medo que eu senti. Fiquei apavorada. Por sorte, pouco tempo depois a esposa dele entrou no quarto e ele disfarçou dizendo que estava me acordando.
Pedi para ir embora no mesmo dia e nunca mais voltei lá. Com medo da reação do meu pai, não contei nada. Escondi no fundo da alma essa lembrança que só estou resgatando agora.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem