*Essa matéria aborda conteúdo delicado sobre depressão e suicídio. Se você precisa de ajuda, ligue 188
“Quando eu tinha 5 anos, minha mãe ia trabalhar e me deixava sob os cuidados de um primo adolescente. Os abusos eram frequentes, desde o começo dessa rotina. Ele me fazia acreditar que eu merecia aquilo. Ele também falava que eu apanharia muito se contasse para alguém. Como minha mãe me batia frequentemente, eu tinha muito medo, sabia o que era aquela dor.
A minha vida inteira eu fui muito depressiva. Pensei em terminar a minha vida muitas vezes e a minha primeira tentativa de suicídio foi aos 8 anos. Eu não podia falar sobre minhas dores com ninguém. E me achava feia, suja. Chorava frequentemente. Lembro-me que as minhas professoras chamaram meu pai para falar sobre isso. Meus pais desconsideraram, falaram que era coisa de criança.
Nunca consegui me relacionar com outro homem de forma saudável. Eu nunca me apaixonei, não me casei e me esquivei de praticamente todos os rapazes que demonstraram qualquer admiração. Sempre achei que era mentira deles, que eles me machucariam em breve.
Sou médica e a medicina contribuiu muito para a redução da minha depressão. Como pediatra, durante as consultas, alerto as mães sobre o perigo do abuso para que estejam atentas aos sinais. Trabalhar com crianças me deu um novo alento. Hoje, me considero assexuada.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem