“Tenho 42 anos e uma filha de 7. Moro com o pai da minha filha, mas desde que ela nasceu não temos nenhuma relação. Minha vida sexual sempre foi um desastre. A sensação, na verdade, é que minha vida toda é uma série de tropeços.
Eu não me lembro qual ideia eu tinha, mas era bem pequena quando fui abusada. Estávamos brincando de esconde-esconde, éramos várias crianças. Minha irmã também estava no grupo. Um rapaz, que já era adulto, me chamou para o quarto e disse que me esconderia debaixo do lençol. Lá, ele me deitou de bruços, colocou seu pênis entre minhas pernas, na altura do bumbum, e ficou fazendo movimentos sexuais. Lembro da cena como se fosse hoje, apesar de não ter entendido o que estava acontecendo na época. Quando olhei para o lado, minha irmã me olhava, sem entender também.
Éramos muito pequenas e inocentes. Só há bem pouco tempo fui perceber o que isso me causou e como estragou a minha relação com a minha irmã. Não nos damos bem e nunca mais fomos unidas de verdade. Sempre tem algo estranho entre nós. Agora eu sei que, talvez, eu a culpe por não ter feito nada, por ter se calado.
A pior coisa que pode acontecer a uma criança é o abuso sexual. O trauma fica. Tenho medo, sou insegura, tenho vergonha, fobia social. Não tenho amigos, não tenho uma boa relação com a família e nem com o pai da minha filha. Vivo angustiada da minha filha ficar igual a mim. Sempre quis conversar com alguém, desabafar. Agora consegui, com este relato, coloquei a angústia para fora.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem
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