“Ao escrever esse relato, passou um filme pela minha cabeça.
Há 17 anos, meu tio chegou de uma festa com minha tia durante a madrugada. Ele achou que ela estava dormindo e foi ao quarto onde eu estava com minha primas. Minha tia viu tudo e me acusou de ter seduzido o marido dela, dizendo que ele estava embriagado. Eu ainda tomei uma surra, como se fosse culpada pelo que tinha acabado de acontecer.
No outro dia, minha tia perdoou o marido e eu tive que ficar em silêncio. Virei empregada na casa. Até hoje não tenho coragem de falar sobre o assunto com outras pessoas. Eles fingiam que nada havia acontecido. O que me dói é minha tia ter achado que eu era uma ameaça ao casamento dela, como se eu tivesse permitido o abuso.
Um ano depois daquela noite, outro tio me trancou no banheiro e me fez tocar o pênis dele. Ele ameaçou falar para todo mundo que eu tinha chamado ele até ali para satisfazer seus desejos.
Sofri muito. Sou adotada e algumas pessoas da família não aprovaram a minha chegada. Sempre me fizeram de empregada e falavam que eu era uma coitada. Até hoje tenho trauma dessa época. Eu me mudei para outro estado, casei e tive um filho, que não convive com minha família adotiva. Pude compartilhar todos esses traumas com meu marido e hoje conheço o amor verdadeiro.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem
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