“Chorei muito lendo os relatos publicado em CLAUDIA. Eu e minha irmã menor, de apenas 3 anos, fomos abusadas. Ei não tinha noção do que estava acontecendo. Ela não se lembra de nada, mas eu me lembro como se fosse hoje. O abusador foi nosso tio. Não sei exatamente por quanto tempo a cena se repetiu, mas foi o suficiente para acabar com a minha vida.
Hoje eu tenho 45 anos. Nunca me casei. Já tive alguns relacionamentos, mas não deram certo. Não tenho uma boa relação com a minha mãe. Ela é casada com um homem mais novo e não nos damos bem. Ele já tentou me agredir e eu registrei um boletim de ocorrência contra ele, porém não deu em nada. Meus irmãos todos me odeiam, inclusive a que era violentada junto comigo. Minha mãe se faz de coitada e me transformou no bode expiatório. Quando estamos sozinhas, ela até tenta me dar algum apoio, mas na frente dos outros só fala mal de mim.
Hoje eu não tenho uma vida saudável. Não construí nada. Não me formei em uma faculdade e nem tenho casa. Moro num lugar emprestado pela irmã que não fala comigo. Tenho fobias de ansiedade que me impedem de trabalhar fixo. Eu corto cabelo na casa das pessoas e faço máscaras para vender. Eu continuo lutando porque acredito que ainda vou ser feliz. E isso não significa encontrar alguém para me relacionar, mas encontrar a paz que procuro.
Meu sonho é me tornar policial civil para poder fazer algo prático nessas questões de estupro, que acontecem com mais frequência do que imaginamos. A lei como é hoje não é suficiente para proteger as crianças. Mas um dia isso tudo vai acabar.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
Relacionamento abusivo: como saber se você está em um