“Tenho lido as histórias diariamente e sofro com cada uma delas. Consigo entender como o medo e a vergonha fazem uma criança paralisar, porque eu vivi essa situação.
Tenho quase quarenta anos, filhas e um neto. Vivi escondendo meus sentimentos. Fui abusada desde muito cedo, desde os 6 ou 7 anos, pela minha própria irmã. Isso só acabou aos 13 quando entendi o que acontecia e me defendi.
A gente dormia na mesma cama e eu perdi a conta de quantas vezes fui molestada. Tenho lembranças horripilantes dela esfregando suas partes íntimas em mim. Não bastasse, uma vez fui dormir na casa dos meus primos e meu tio veio à noite apalpar meus seios que estavam nascendo. Tossi e ele saiu.
Não sinto tesão pelo meu marido, com quem sou casada há mais de 20 anos. Só consigo ter orgasmos pensando em mulheres. Esse segredo me atormentou a vida inteira e causou muitos problemas no meu relacionamento.
Meu esposo me abandonou muitas vezes dizendo que eu não gostava e não procurava ele. Um dia, lhe contei o motivo e ele compreendeu. Tirei um peso enorme das minhas costas. Minha irmã morreu, teve um AVC. Eu sigo minha vida indo a psiquiatras, psicólogos. Tenho depressão e tomo muitos comprimidos. Quero incentivar as pessoas a se abrirem antes. Isso ajuda”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem