“Essa é a primeira vez que falo sobre esse assunto, aos 32 anos. Eu tinha 3 ou 4 anos quando aconteceu e é impressionante como me lembro exatamente da sensação. Ele era nosso vizinho e muito amigo da minha família. Ele tinha um filho da idade do meu irmão mais velho, o que fazia parecer minha ida até a casa dela algo bem inocente.
Lembro muitas vezes de ouvir minha mãe falar que ele era apaixonado por mim, porque ele passava na nossa casa antes de ir para a dele. Para meus pais, isso era aceitável, era amor de tio. Mal sabiam eles.
Eu me lembro do sofá de couro, da TV grande, de ouvir meu irmão brincando com o filho dele no quarto enquanto eu estava deitava com ele no sofá. Ele colocava a mão debaixo da minha blusa, do meu short. Acontecia quando a esposa dele não estava em casa.
Mesmo não gostando do que acontecia, não achava que aquilo era um absurdo à época. Só Deus sabe quantas lágrimas já rolaram quando penso nisso, em como eu não entendia o que estava acontecendo. Até hoje não gosto que me toquem por baixo da blusa.
Nunca contei isso para ninguém, nem amigos e nem pessoas da família. Não tenho coragem de falar para meus pais. Depois que me tornei mãe, voltei a pensar nessa história com mais frequência, lembrar das sensações. Mas ainda não consigo conversar com ninguém, então agradeço por esse canal, por poder falar sobre o assunto sem causar mal a ninguém.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome mudado a pedido da personagem
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