“Aos 20, conheci meu primeiro namorado. Ele me tratava muito mal, não me respeitava e fazia brincadeiras horríveis. Ainda assim, só terminei após quatro anos e meio de namoro e um noivado de 15 dias.
Em seguida, eu me casei com um rapaz que conhecia há dois meses. Também não deu certo, durou apenas sete meses. Eu trabalhava, mas ele não queria continuar no emprego dele. Quando terminamos, voltei com meu primeiro namorado e tive um filho. Ficamos dois anos juntos.
Eu tinha 27 anos quando conheci um homem de 43. Fomos morar junto em uma cidade de praia – eu era do interior, então era uma grande mudança pra mim. Desse dia em diante, passei a viver em regime fechado, presa em casa. Eu não podia conviver com ninguém, não tinha direito de ter amizades, não podia falar com meus primos e primas e muito menos com homens que não eram parentes.
Após oito anos, decidi que precisava trabalhar. Ele permitiu, mas as humilhações eram muitas, os xingamentos também. Foram três anos assim até que eu fui denunciá-lo na Justiça. Ao procurar meu direito, ele me implorou para tirar as queixas. Eu retirei, mas as ofensas continuam.
Não consigo largá-lo porque tenho dois filhos, um de 12 anos e um de 9. Ele colocou na minha cabeça que não vou conseguir sustentar as minhas crianças, que o mundo vai me engolir e me destruir. Infelizmente, agressão psicológica acaba com a gente.
Sei que sou jovem, forte e que posso trabalhar, mas é difícil largar essa casa com os armários cheios de comida, é duro largar o teto sobre a minha cabeça, a estabilidade. Ele passa dois, três dias sem falar comigo, fica bravo, xinga e depois volta. É essa prisão que vivo. Mas não é o cadeado que me mantém aqui e sim o dano psicológico. E se eu não achar emprego? E se eu não conseguir pagar água, luz, comida?
O relacionamento afetivo tira a confiança e a autoestima. Por muitos anos, ouço que eu sou menos do que outras mulheres, ouço ele elogiando essas outras mulheres. E daí vem minha falta de coragem para enfrentar o mundo.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem