“Os abusos começaram quando eu tinha 10 anos. Meu sobrinho, filho da minha irmã mais velha, passava a mão em mim. Minha mãe me deixava lá às vezes e eu nunca falei nada com ninguém. Eu morria de medo das ameaças do meu sobrinho. Uma vez ele me disse: ‘Se você contar para sua mãe, eu faço você levar uma surra. Digo que é invenção sua e pronto’. Eu chorava escondida.
Depois, na adolescência, fui trabalhar como babá em Santos, no litoral de São Paulo. Eu tinha 15 anos, era virgem. O irmão da dona da casa tinha 18 e me estuprou. Eu era muito ingênua. Estava dormindo uma tarde e acordei com ele em cima de mim, tapando a minha boca. Não havia mais ninguém na casa.
Demorei para aceitar o que aconteceu, mas após um tempo, finalmente consegui voltar para Belém. Nunca falei com ninguém sobre nada disso. Hoje, tenho 49 anos e acho que consegui deixar os traumas no passado. Talvez por isso eu tenha tido coragem de escrever esse relato, de falar. É uma libertação mesmo. Eu sofri bastante até chegar nesse ponto. Achava que nenhum homem prestava, mas daí conheci meu marido. Estamos casados há 26 anos e temos um filho de 23.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem