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Zilú Camargo: “Quero cuidar de mim”

Foram 30 anos juntos e muito perrengue até Zezé di Camargo fazer sucesso. Aqui, meses após a separação, ela fala que não tem mágoas, não se sente vítima e nada destruirá a amizade dos dois

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 04h10 - Publicado em 13 Maio 2014, 22h00
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  • Zilú se inspirou na personagem de Julia Roberts do filme “Comer, Rezar e Amar”
    Foto: Wilson Araujo 

    Em junho de 2012, Zilu estava em seu apartamento em Miami – um imóvel luxuosíssimo localizado no 36º andar de um condomínio com praia privativa – quando recebeu um telefonema do cantor Zezé di Camargo, que estava em São Paulo. Segundo conta, ele disse: “Vem pra cá que vou ser só seu”. Da outra ponta do continente, Zilu respondeu para o marido: “Isso não existe, não está em você”. Ele teria insistido: “Vou te provar”. Ela não se dobrou: “Não quero essa prova. Quero você feliz”. Então desligou o telefone, serena. Como a personagem de Julia Roberts no filme Comer, Rezar e Amar, na qual se inspira, Zilu diz que não consegue mais chorar. “Minhas lágrimas secaram.” E explica por que não acreditou na possibilidade de ter Zezé só para si: “Ele é extremamente mulherengo, é da natureza dele. É o perfeito Cadinho (personagem interpretado por Alexandre Borges em Avenida Brasil). Se tiver três mulheres, vai dar amor para as três”. Dois meses depois, Zilu estava de volta ao Brasil para tratar da separação com Zezé, com quem tem três filhos – a cantora Wanessa, a atriz Camilla e o estudante Igor.

    O fim da relação virou uma novela à parte, com declarações desencontradas – e uma versão corrente de que ela, a esposa traída, já que há inúmeras notícias de puladas de cerca de Zezé, sofria terrivelmente. Zilu não veste a carapuça de vítima. “Estou ótima. Agora só faço o que quero”, diz. Todos os quereres de Zilu estão sendo realizados em Miami, onde morou sozinha desde o começo de 2012. De segunda a sexta, suas manhãs são preenchidas em um curso de inglês. Na hora do almoço, visita os melhores restaurantes da cidade com as amigas gringas e brasileiras – entre elas, uma funcionária da TV Globo, outra da companhia aérea TAM e uma artista plástica. O período da tarde é dedicado à estética e ao lazer – malha, faz massagens, frequenta salões de beleza, ateliês, anda de bicicleta e, quando quer dar risada, visita a praia de nudismo perto de sua casa. “É um lugar cômico demais.” Nas noites de terça, participa do “encontro fashion” com a turma, ocasiões em que as colegas trocam roupas, acessórios e objetos de decoração. Quando tem uma brecha na agenda escolar, viaja pela Europa ou vai a Las Vegas, em cujas boates diz receber tantas cantadas que classifica tais incursões como um “inferno”. “É um assédio danado, mas não quero saber. Minhas amigas dizem que sou idiota”, revela. 

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    Como foi seu casamento?
    Numa relação de 30 anos, o casamento vai esfriando. Você vira mais amiga do que mulher do seu marido. E eu sou muito intensa, não gosto de monotonia. Para mim, não está bom assim. Quero viver, viajar e conhecer o mundo. E ele quer ir em busca daquela liberdade… Nós nos casamos muito novos.

    Você se casou aos 19 anos…
    E ele também. Muito jovens e com muitas responsabilidades, falta de dinheiro, correria pra vencer na vida… Deixei de fazer faculdade. Em todos estes anos, vivi para meu marido e meus filhos. Agora quero viver pra mim!

    Você teve namorado em Miami?
    Isso não existe. É lógico que apareceram 500 mil paqueras. Não vou falar que não paquerei porque não é verdade. Qualquer mulher que está sozinha, que não tem compromisso com outra pessoa, vai paquerar.

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    Vocês não incorporaram o papel clássico do casal que, ao se separar, fala mal do outro.
    Por quê? Porque Zezé foi e ainda é o grande amor da minha vida, é a pessoa mais especial que já conheci. Ninguém vai substituí-lo e temos uma amizade que jamais vai acabar. Pelo contrário, agora estamos mais unidos do que nunca.

    Mas você tem mágoa?
    Nenhuma. Se existem duas coisas que não entram no meu coração são ódio e mágoa. Por que eu vou ter mágoa de alguém que só fez coisas boas pra mim? Impossível. Zezé me deu três obras de arte, os meus filhos, como é que vou ter mágoa de uma pessoa dessas? E estou sendo mais privilegiada do que ele. Quem está viajando, conhecendo outros países e estudando sou eu. Ele está aqui em São Paulo trabalhando e cuidando dos filhos, da casa. Ele falava: “Vem me ajudar! Você sempre cuidou de tudo e agora deixou a responsabilidade pra mim!” Mas é bom o homem sentir como é o trabalho de uma mulher (risos).

    Você está se sentindo mais bonita?
    Estou me sentindo bem em relação a tudo. Tem pessoas que, quando chegam à idade em que estou, perto de completar 50 anos, começam a se preocupar com as rugas. Eu não me importo. Estou tão em paz que me sinto uma garota de 20 anos, mas com uma cabeça bem madura (risos).

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    Antes da fama, você chegou a vender as alianças do casamento para colocar comida em casa. Vocês enfrentaram muitas dificuldades juntos?
    Vendi para comprar leite para a Wanessa. Muito tempo depois, pedi pelos jornais para que a pessoa me revendesse, mas ela casou com as alianças, não queria devolver. Aquela era a única joia que eu tinha. Foi o jeito vendê-la. Como todo casal, tivemos altos e baixos. Mas o bom é que decidimos nos separar quanto tudo estava em paz. Não teve uma crise, uma briga muito forte.

    Aparentemente, você está com o coração apaziguado. É isso?
    Sim. Não vou acabar um casamento de 30 anos para nunca mais ter contato com a pessoa. O que mais quero é estar próxima do Zezé e sei que ele quer estar perto de mim. A gente precisa um do outro. Isso ninguém vai tirar da gente, nem mulher, nem homem. Ninguém vai acabar com essa amizade.

    Você imagina, no futuro, uma situação em que esteja com seu namorado, o Zezé com uma nova mulher e os quatro saiam para jantar?
    A gente ainda não sabe como vai lidar com isso, seria uma situação nova. Eu sou muito ciumenta, não sei como encararia. O que sei é que, neste momento, queremos dar esse tempo. Esse é um direito meu e dele. O futuro a Deus pertence e tudo pode acontecer. 

    * Matéria originalmente publicada em https://www.claudia.com.br em setembro de 2012.

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