Marina Lima tem sido uma das principais vozes femininas na música brasileira há mais de 40 anos.
Tímida, perfeccionista, questionadora, Marina não é uma artista cuja vida tenha sido dividida com seus fãs, embora seja uma artista 100% honesta com o público. Por isso mesmo a oportunidade de ver o documentário Uma Garota Chamada Marina, que estréia hoje (27) no canal Curta, às 21h35, é muito interessante.
Gravado ao longo de 10 anos, o documentário é um diário e uma declaração de amor. Ele cobre o período entre 2009 e 2019, o período onde Marina se ‘reinventou’: mudou de cidade, passou por uma depressão, por um período de redescoberta espiritual, posou nua (uma decisão como ela diz, por ‘prescrição médica’), mudou o estilo musical, se casou novamente e se encontrou.
“As pessoas sabiam quem eu era, mas não sabiam mais quem eu queria ser”, diz a cantora que não poupa nenhum detalhe do seu processo criativo e pensamentos mais íntimos.
O diretor, Candé Salles, viveu com a cantora por alguns anos e embora tenham se separado, seguiram amigos. Com total acesso à vida dela, o diretor também conversou com parceiros e amigos de Marina para dar uma perspectiva como ela é fora dos palcos. Descrições de ‘meticulosa’ e ‘focada’ se repetem, e ela mesma brinca com sua fama de difícil. “Eu não achei que fosse ser cantora”, ela confessa. “Achei que fosse ser maestro”, diz.
Uma Garota Chamada Marina não é um documentário nostálgico. Na verdade, há poucos registros de arquivo. Sim, ouvimos sucessos e músicas menos conhecidas. É um retrato íntimo de uma artista ímpar na música brasileira.
“A gente não fala de nada que não vale a pena”, ela diz em determinado momento a respeito de sua parceria com o irmão, o poeta Antônio Cícero. Um bom motivo para ver Uma Garota Chamada Marina e o retrato de uma artista que, aos 50 anos, não optou pelo comodismo e se desafiou. Completamente.