Tatá Werneck fala sobre mulheres engraçadas serem consideradas loucas
No prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, a apresentadora também falou sobre sua gravidez.
Com muito bom humor e capacidade para saber quando deve falar sério, Tatá Werneck fez um discurso inspirador ao ganhar o prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo na categoria televisão. O evento aconteceu na última quarta-feira (27), no Rio de Janeiro.
Ao subir no palco, a apresentadora deixou o clima leve com o que ela sabe fazer de melhor: piadas. A comediante brincou sobre quase ter tropeçado e, em seguida, explicou o que poderia fazê-la não comparecer na premiação. “Muito obrigada. Eu não sabia se eu iria conseguir vir hoje, porque além de grávida, eu estou meio ruim, com uma coisa chamada hiperêmese gravídica, que você passa mal o dia inteiro”.
Mesmo sofrendo com essa síndrome que faz com que a gestante tenha muitas náuseas e vômitos no início da gravidez, Tatá logo se comparou com Kate Middleton. A duquesa de Cambridge passou pelo mesmo que a apresentadora durante a gestação de George, Charlotte e Louis.
“Eu fiquei triste, mas depois descobri que a princesa Kate também teve, aí eu fiquei muito feliz, uma doença muito chique, e a gente realmente é muito parecida”, falou tirando risadas do público.
As brincadeiras começaram a ficar um pouco de lado quando a artista levantou uma discussão importante sobre figuras femininas no humor. “Eu fiquei pensando por que eu mereço ganhar um prêmio de quem fez diferença na TV, e pensei que na verdade a TV que fez toda a diferença na minha vida, a TV e o teatro, porque antes eu era tida apenas como uma mulher maluca. Os homens eram engraçados e as mulheres malucas”.
Para mostrar como essa ideia estereotipada e preconceituosa da mulher engraçada sempre foi algo presente em sua vida, a comediante lembrou de uma situação de quando era jovem. Tatá foi expulsa de um colégio religioso porque supostamente ela não tinha jeito de mulher. Isso fez com que se questionasse sobre o porquê de naquela época ser discriminada e, atualmente, ser tão aceita.
“Depois que eu entrei na TV, eu fiquei pensando sobre o que fez as coisas mudarem tanto. Lógico que eu sou mutável, eu me transformo com muito e com pouco, mas por que naquela época eu era tão discriminada como maluca, e hoje eu estou aqui recebendo um prêmio tão importante? Eu acho que isso diz muito mais sobre o olhar generoso de vocês a meu respeito do que sobre a minha história. Porque eu fazia as mesmas perguntas, de graça, e hoje em dia o presidente da Globo está aqui, eles tem que me pagar uma fortuna”, brincou.
Por fim, a apresentadora escolheu palavras cheias de emoção para dedicar o prestígio que estava recebendo à figuras femininas que já foram julgadas como ela. Além disso, discursou a favor da gestação como uma escolha da mulher.
“Para todas as mulheres que ainda passam por essa dúvida, que é de que em que momento elas podem ser mães. As mulheres que ainda não têm ingerência sobre suas gestações, as mulheres que tem o direito indelével de não quererem ser mães e ainda são criticadas, porque as pessoas ainda as pressionam como se elas ainda não tivessem cumprido seus papéis de mulheres, e é um direito delas, tão legítimo e tão corajoso quanto o de ser mãe”, pontuou a comediante.