A Copa do Mundo Feminina 2019 veio para realmente mudar o cenário do futebol feminino no mundo e mexeu muito com o panorama do esporte no Brasil. Mesmo com a eliminação nas oitavas de final em um jogo contra a França, por 2 a 1, a luta por visibilidade feminina dentro do campo continua. Para falar sobre o assunto, as jogadoras da Seleção Tamires e Ludmila foram chamadas para participar do “Encontro com Fátima Bernardes”, nesta quinta-feira (27).
Para começar o bate-papo, a apresentadora perguntou qual foi a sensação de ser recebida por fãs tão entusiasmadas no aeroporto de São Paulo, quando a Seleção desembarcou do voo vindo da França. Inclusive, Fátima também comentou sobre como isso mostra que a percepção de vitória não é apenas a de ganhar uma competição, mas jogar com tanta garra contra as favoritas da disputa também. E Tamires deu uma resposta enfática sobre o assunto.
A jogadora explicou que muitas pessoas estavam desanimadas pelo histórico que a Seleção estava carregando de nove derrotas nos jogos amistosos. Só que, como outras parceiras de time, ela acreditava no talento do grupo. E deixou claro que o resultado é apenas uma parte do significou a disputa. “Nós fomos eliminadas de uma Copa do Mundo, mas saímos fortalecidas. O futebol feminino saiu muito fortalecido”.
Fátima fez questão de ressaltar que Tamires é única mãe da Seleção e que até chegou a pensar em desistir da carreira por isso. Empolgada, a apresentadora questionou o que falta para que a primeira taça mundial venha para o Brasil e lembrou de pontos que ainda são importantes de serem discutidos no mundo do futebol: por que as mulheres que se destacam no campo ainda ganham bem menos que os jogadores masculinos? Por que as mulheres não têm as mesmas chances de desenvolvimento dentro da modalidade? Por que elas são menos reconhecidas?
“A gente fala muito na questão da base, que as meninas novas possam ter oportunidade de ir para um clube, ter um campo para treinar, ter uma comissão que vai auxilia-las muito bem, uma preparação física boa. Uma coisa que a gente trata muito também é a questão do lastro físico das europeias e isso começa da base”, declarou a jogadora.
Tamires ainda contou que, como no caso dela e de sua geração, tudo começou no futsal. E que isso só aconteceu aos 15 anos, o que é tardio comparado a idade que homens entram para o futebol. Por isso, o pedido da lateral-esquerda é claro: que clubes invistam nas meninas mais cedo, para que elas possam quebrar os paradigmas.
Vale também parabenizar a jogadora pela contratação oficial pelo Corinthians, com estreia na próxima segunda-feira (1). Tamires fazia parte do time Fortuna Hjorring, da Dinamarca, desde 2015, quando recebeu uma proposta por sua boa atuação nos jogos Pan-Americanos.